No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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A Vida de Um Sonho (I Remember Mama – 1948)
Katrin Hanson (Barbara Bel Geddes), uma jovem aspirante a escritora, conta a história de sua infância na São Francisco da virada do século. Seus pais são imigrantes noruegueses que lutam para sobreviver, mas conseguem proporcionar um lar amoroso para os filhos. Irene Dunne vive a matriarca sábia e bondosa, Marta Hanson, que incentiva Katrin a perseguir seus sonhos de escritora.
Acompanhando assustado o rápido processo de degradação moral que se instalou na civilização ocidental, e, especificamente, os seus efeitos implacáveis na já combalida realidade brasileira, tenho lido com frequência mensagens que asseguram a extinção em curto prazo de várias profissões, a substituição do indivíduo pela inteligência artificial.
O ponto que mais me preocupa nesta linha de pensamento é a quantidade absurda de pessoas que consideram normal imaginar um futuro em que não há mais escritores, a normalização do livro fabricado sem a necessidade de um autor, linhas formuladas por uma máquina. O argumento básico que captei pesquisando a abordagem do tema nas redes sociais defende que esta é a “evolução natural”.
Como assim? O material humano brasileiro se tornou tão horroroso, deprimente e doentio, que genuinamente não é capaz de compreender que a arte da escrita (logo, o amor pela leitura) é uma ferramenta indispensável na construção do pensamento crítico e do amadurecimento psicológico?
Eu percebo claramente que a bestialização alcançou níveis praticamente insuportáveis, mas não posso tolerar o conformismo da massa à aniquilação daquilo que traz sentido à existência. Se este for o caso, se o Homo sapiens declara abertamente a sua falência, talvez realmente seja melhor apagar os rastros desta empresa desgraçada e recomeçar do zero.
No limiar da cruz que os miseráveis lúcidos nesta nação carregam, na tentativa de sofrer menos, bebo resfolegante do manancial cristalino da arte, busco no passado a beleza, a elegância, a dignidade que foi pisada, os valores que foram rasgados, abraço a escuridão consciente de que não faço parte do problema.
“A Vida de Um Sonho” é um tesouro injustamente pouco lembrado na carreira do saudoso mestre George Stevens, conta com uma atuação inspirada da grande Irene Dunne, e sua trama emociona desde os primeiros momentos.
A sua estrutura narrativa em flashbacks, pela ótica da jovem Katrin, evidencia em cada situação a força transformadora do amor pelos livros. As dificuldades financeiras da família norueguesa imigrante são superadas pelos firmes alicerces de caráter da matriarca, que, contra todas as probabilidades, jamais se conforma, utiliza até mesmo sua criatividade imaginativa como ponte lúdica para manter vivo o sonho literário da filha.
Assistir ao filme nos dias de hoje é uma experiência terapêutica, uma história linda contada com extrema sensibilidade.
Na intenção de facilitar o garimpo cultural do público do “Devo Tudo ao Cinema”, decidi…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
Eu amo preparar esta tradicional lista de 10 Melhores Filmes lançados no Brasil, nas salas…
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