Críticas

“007 Contra Octopussy”, de John Glen

007 Contra Octopussy (Octopussy – 1983)

Os produtores Albert Broccoli e Michael G. Wilson sentiram o impacto do retorno de Sean Connery em “Nunca Mais Outra Vez”, viram que não poderiam se acomodar, correndo para finalizar “Octopussy” e fazê-lo o melhor que podiam. O orçamento destinado à produção do filme foi de aproximadamente 110 milhões de dólares e isto fica evidenciado em cada frame. O roteiro foi retirado de um conto homônimo de Ian Fleming, lançado em 1966, e a direção ficou a cargo novamente do talentoso John Glen.

Contrastando com o tom sério do filme anterior da franquia oficial, “Octopussy” desfila cor e vibração, o exotismo das locações na Índia em muito cooperaram com o clima da aventura. Na trama, 007 persegue um exilado príncipe afegão: Kamal Khan, vivido elegantemente por Louis Jourdan, e sua associada, a enigmática contrabandista de joias: Octopussy (Maud Adams em seu segundo papel na franquia).

Roger Moore iria se aposentar do papel após “For Your Eyes Only”, levando os produtores a procurarem um novo ator. Dentre os que fizeram testes para o papel estavam James Brolin e Timothy Dalton, mas ao saber que Connery iria participar do projeto “Never Say Never Again”, o orgulho de Moore falou mais alto e ele aceitou dar continuidade à série e provar-se merecedor do papel. O personagem Q (Desmond Llewelyn) também viria a ter uma maior participação nesta produção, entregando a Bond sua gadget mais espirituosa: um minissubmarino em forma de jacaré, que entrou para a galeria das mais famosas bugigangas já criadas para o agente.

Dentre as cenas de ação, vale salientar a longa batalha no trem, em que o espião enfrenta os gêmeos atiradores de facas, muito bem editada por Bob Simmons. A trilha sonora foi composta por um inspirado John Barry. A canção “All Time High”, cantada por Rita Coolidge ficou entre as quarenta mais tocadas nas paradas norte-americanas. Esta foi a segunda vez que a canção principal não foi tirada do tema do filme, a primeira havia sido “Nobody does it Better”, de “The Spy Who Loved Me”.

A sequência final do filme, em que o espião se disfarça de palhaço para entrar no circo de Octopussy e desbaratar a ação criminosa, foi duramente criticada na época, assim como a fuga na selva ao som do famoso grito de Tarzan, aliado ao fato de Moore já aparentar a idade avançada. Os fãs não prestaram atenção aos críticos e compareceram em massa na estreia. O filme rendeu mais que “For Your Eyes Only” e “Never Say Never Again”, portanto, na batalha dos lucros, Roger Moore saiu vitorioso de sua prova de fogo.

Entre mortos e feridos, no ano de 1983, quem saiu ganhando mesmo foi o público, que teve à sua disposição dois atores formidáveis dando tudo de si em filmes muito bons.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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