Críticas

“O Mundo de Henry Orient”, de George Roy Hill, com PETER SELLERS

O Mundo de Henry Orient (The World of Henry Orient – 1964)

Enquanto tenta seduzir uma mulher casada (Paula Prentiss), o pianista Henry Orient (Peter Sellers) é interrompido por duas colegiais, Valerie (Tippy Walker) e Marian (Merrie Spaeth). A princípio, ele não se importa, mas como as coincidências se repetem, Henry acha que as garotas são espiãs do marido da amante. Valerie acaba se apaixonando pelo pianista.

Eu me recordo bem de quando conheci este filme, na adolescência, durante um festival noturno dedicado ao Peter Sellers no Telecine 4 (anos depois seria rebatizado para “Happy”), gravei em VHS, revi no dia seguinte, mas, curiosamente, não me impressionou na época, creio que não captei a mensagem, ou esperava algo hilário como os projetos da parceria com o diretor Blake Edwards. Ao rever para este texto, após todos estes anos, fiquei positivamente surpreso, esta pérola realmente merece todos os elogios que recebeu em sua estreia.

O roteiro de Nora Johnson e seu pai, o grande Nunnally Johnson (de “As Vinhas da Ira”), foi adaptado do livro homônimo da jovem, inspirado em sua vida escolar e, em parte, num incidente real envolvendo o cantor Tony Bennett e duas fãs adolescentes. O primeiro elemento que se destaca na obra é seu clima nostálgico, pleno em calor humano, até a movimentação da câmera facilita este aspecto sensorial, utilizando até trampolins, captando o tom de leve brincadeira infantil. O primeiro ator cogitado para o papel principal foi Rex Harrison, mas o incrivelmente versátil Sellers acabou assinando o contrato, que viria a ser seu primeiro papel no cinema norte-americano.

A estrutura da trama é o clássico conto de amadurecimento, a forma como trabalha o senso de camaradagem entre as meninas exala uma ternura verossímil que poucas vezes se encontra em Hollywood, apesar de se curvar vez ou outra às concessões mercadológicas, nada soa forçado, artificial, a tônica é a doçura, ao invés do usual cinismo que domina a indústria, principalmente nas últimas décadas, já que as garotas buscam inconscientemente no artista mais velho o porto seguro emocional que não encontram em seus lares problemáticos.

A conclusão é linda, mas triste, a imagem final sintetiza o início de uma nova fase na vida delas, o fim do período despreocupado e inconsequente.

* Você encontra o filme garimpando na internet.

Trilha sonora composta por Elmer Bernstein:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

Recent Posts

Crítica nostálgica da série “Duro na Queda” (1981-1986), com LEE MAJORS

Duro na Queda (The Fall Guy - 1981/1986) As aventuras de um dublê (Lee Majors)…

1 dia ago

Crítica de “O Dublê”, de David Leitch

O Dublê (The Fall Guy - 2024) O dublê Colt Seavers (Ryan Gosling) volta à…

1 dia ago

10 ótimos filmes que desafiam a sua mente

Se você conseguiu manter sua lucidez nos últimos quatro anos, enxerga claramente o estrago que…

2 dias ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

4 dias ago

Sétima Arte em Cenas – “O Último dos Moicanos”, de Michael Mann

O Último dos Moicanos (The Last of The Mohicans - 1992) No século 18, em…

4 dias ago

“Star Trek Continues” (2013-2017), de Vic Mignogna

Você, como eu, ama a série clássica de "Jornada nas Estrelas"? E, como qualquer pessoa…

5 dias ago