Críticas

Dica do DTC – “O Campeão” (1931), de King Vidor

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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O Campeão (The Champ – 1931)

Andy Purcell (Wallace Beery) é um ex-campeão de boxe alcoólatra e decadente que vive viajando com seu filho Dink (Jackie Cooper). Apesar dos problemas, pai e filho se adoram. Eles reencontram Linda (Irene Rich), ex-mulher de Andy e mãe de Dink, que abandonou o garoto quando bebê e agora o quer de volta.

A refilmagem homônima de 1979, dirigida por Franco Zeffirelli e protagonizada por Jon Voight, costuma ser lembrada com carinho por todos que choraram à época com aquele desfecho emocionalmente arrebatador, infelizmente poucos tiveram contato com o superior original, que conta com a atuação infantil brilhante de Jackie Cooper, que, no mesmo ano, foi o mais jovem indicado ao Oscar de Melhor Ator, aos 9 anos de idade, por sua participação em “Skippy”, de Norman Taurog, mas que é mais lembrado hoje como o Perry White dos filmes do Superman defendidos por Christopher Reeve.

King Vidor abraçou carinhosamente a obra porque a trama enfatizava os valores familiares tradicionais e celebrava a sua esperança inquebrantável no ser humano, as plateias responderam efusivamente, a devoção do menino pelo seu ídolo, o pai boxeador, emocionou até mesmo os corações mais gelados, ecoando em alguns momentos o relacionamento entre Chaplin e o pequeno Jackie Coogan em “O Garoto” (1921).

As sequências de luta no ringue podem ter envelhecido mal, mas este é o elemento que menos importa na experiência, a essência narrativa é tão impactante que inspirou vários projetos que utilizaram a ideia em contextos diferentes, como o universo circense em “O Palhaço” (1953), com Red Skelton e Jane Greer.