Rebobinando o VHS – “Comando de Ataque”, de Bruno Mattei

Comando de Ataque (Strike Commando – 1987)

Enquanto operava atrás das linhas inimigas, o sargento Mike Ransom (Reb Brown) toma conhecimento da presença russa no Vietnã do Norte. Ordenado a obter provas desta descoberta, Ransom regressa ao território inimigo, mas é capturado.

Volte no tempo comigo para a segunda metade da década de 80. O pequeno Octavio Caruso caminha pela “RG Vídeo”, locadora do amigo Ricardo, lendo todas as contracapas das fitas, até que se depara com esta pérola:

Todo garoto da época, que colecionava os bonecos do “Comandos em Ação”, da Estrela, vibrava com esta arte de capa, promessa de diversão garantida.

Entenda, aqueles eram outros tempos, o sistema não estava interessado em fragilizar as mentes e os corpos, o entretenimento vendia a coragem como algo saudável, os heróis da garotada entravam sozinhos numa guerra, derrotavam os vilões e ainda resgatavam um bando de figurantes. Na engenharia social atual, a criança é estimulada a ter medo de respirar e se esconder debaixo da cama ao primeiro sinal de resfriado. O futuro nas mãos desta geração vai dar super certo, confia!

O filme é dirigido pelo “Vincent Dawn”, um dos pseudônimos do italiano Bruno Mattei, carinhosamente conhecido pelos cinéfilos dedicados como um dos picaretas mais bacanas do período, capaz de plagiar sem remorso e, ainda assim, injetar personalidade na execução.

A maior diversão na experiência é perceber todas as sequências de ação dos filmes do Rambo e do Braddock que foram meticulosamente homenageadas, e, principalmente, aplaudir a falta de comprometimento em disfarçar que a equipe técnica simplesmente não é capaz de emular a contento as situações.

É um show, bandidos genéricos reagindo exageradamente aos tiros da metralhadora que não foram sequer disparados, gente saltando por conta de granadas atiradas no bairro ao lado, pessoas que conseguem magicamente sair de um mergulho com a roupa molhada e o cabelo seco, pura alegria.

A cereja do bolo é a utilização da Disneylândia como elemento de melodrama, o sonho de viagem do menino vietnamita. Hoje, com o legado da empresa sendo destruído pela agenda ideológica torta dos atuais executivos, este momento na trama se torna ainda mais engraçado.