Críticas

Dica do DTC – “Alta Frequência”, de Gregory Hoblit

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

***

Alta Frequência (Frequency – 2000)

Numa noite rara de tempestade solar, o jovem policial John Sullivan (Jim Caviezel) encontra o aparelho de radioamador de seu falecido pai. Ao colocar o aparelho para funcionar, John é contatado por Frank (Dennis Quaid), um radioamador que, pelas conversas, parece estar vivendo no ano de 1969. O mais incrível acontece quando John percebe que aquele Frank é Frank Sullivan, seu pai. Atônito e emocionado, John tenta mudar o passado, avisando seu pai sobre o incidente que o eliminou.

Eu me recordo de alugar esta fita VHS e assistir ao filme durante uma tarde chuvosa, o conceito me remeteu à “Em Algum Lugar do Passado”, pela forma lúdica, inteligentemente delicada e terna, com que trabalhou o tema da viagem no tempo, uma tocante fábula que jamais receberia sinal verde nos doentios tempos atuais.

Um esforço criativo muito subestimado do diretor Gregory Hoblit, que tomou contato com o roteiro quando ainda estava se recuperando psicologicamente do falecimento do pai. Não é difícil entender o impacto do projeto em sua vida, poucas histórias encontraram maneiras mais lindas de explorar a importância da figura paterna na formação de uma criança.

A fascinante parceria que se estabelece entre pai e filho na subtrama da investigação policial abre possibilidades de reconfiguração do passado, um recurso que é utilizado sabiamente sem amarras lógicas, afinal, a proposta não é entregar uma engenhosa ficção científica, o foco está na bonita mensagem: o valor de uma família alicerçada no respeito e no amor.