Críticas

Dica do DTC – “A Testemunha” (1969), de Péter Bacsó

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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A Testemunha (A Tanú – 1969)

Comédia de sátira política húngara sobre József Pelikán (Ferenc Kállai), um simples guardião de dique que é apanhado a abater ilegalmente o seu porco durante o regime stalinista de Mátyás Rákosi. Em vez de ser punido, ele é promovido a um cargo de elite e, posteriormente, pressionado a cometer um falso testemunho num julgamento simulado.

“Não chame isso de limão, camarada. É uma laranja húngara.”

Se você precisa de algum estímulo especial para buscar esta obra, saiba que ela foi banida à época pelo partido comunista. Após a sua liberação, na década seguinte, ela foi abraçada carinhosamente pelo público do país, que adorou a forma como o roteiro explorava comicamente os absurdos cometidos durante aquele período sombrio.

O triste ponto, ainda que curioso, é que, apesar de ser melhor absorvida pelo povo húngaro, a história infelizmente é de apelo universal, várias das situações mostradas são facilmente identificáveis em qualquer nação que tenha sido arrasada nos níveis ideológicos e financeiros pelo sistema socialista.

Uma pérola que merece ser redescoberta.