Críticas

Sétima Arte em Cenas – “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, de Steven Spielberg

Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of The Third Kind – 1977)

A ufologia é uma prova tangível da ilimitada criatividade do homem, que busca incessantemente seu criador ou criadores. A fascinação pelo desconhecido fez com que nossos ancestrais tomassem o sol e a lua como deuses, testemunhas solitárias e distantes da lenta evolução humana.

Hoje, as únicas certezas que temos são de que não estamos sozinhos em um universo que se expande, e que provavelmente haja milhões de formas de vida em planetas que ainda desconhecemos. Mas assim como nossos ancestrais fantasiavam acerca do sol e da lua, ainda hoje fantasiamos sobre possíveis alienígenas que nos visitam, de boa ou má índole, porém envoltos em um mistério nunca elucidado.

Quando Spielberg era criança, seu pai o tirou da cama para fazê-lo testemunhar uma chuva de meteoros que iluminava o céu noturno. Aquela experiência contaminou os sonhos e a imaginação do jovem e com certeza se reflete em seu trabalho como cineasta.

A sua clara intenção ao empunhar uma câmera é levar aos espectadores aquela mesma sensação de deslumbramento que ele sentiu naquela noite ao lado do pai. Com esse filme, seu objetivo fica bastante claro, pois aborda um assunto que sempre o fascinou. Seu alterego Roy Neary, vivido pelo amigo Richard Dreyfuss, é um simples operário que trabalha fazendo reparos em redes elétricas numa pequena cidade interiorana.

Após presenciar estranhas luzes no céu, fica obcecado em descobrir a verdade por trás daqueles estranhos fenômenos. Spielberg chamou para participar do projeto, um de seus grandes ídolos: François Truffaut. O cineasta francês vive o cientista Claude Lacombe, que investiga os casos que estão acontecendo por todo o globo, levando-o a crer que os alienígenas pretendem se mostrar aos olhos do mundo de forma definitiva e elucidativa.

A sequência final, que culmina na cena da aparição da majestosa nave-mãe na Torre do Diabo, eu considero os 30 minutos mais poéticos no gênero. Impossível esquecer os momentos finais, quando o diretor demonstra seu talento ao imaginar que o encontro entre diferentes mundos seja possível através de notas musicais, numa sinfonia de luzes e cores.

A trilha sonora é brilhante, numa linda contribuição do compositor John Williams, que inteligentemente insere trechos da clássica canção “When You Wish Upon a Star”. Sem dúvida, continua sendo o filme mais fascinante a abordar o controverso assunto. Beleza e lirismo trabalhados com a competência de um artesão apaixonado.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

View Comments

  • Esse filme é maravilhoso e não canso de rever.
    Adorei você falar dele.
    A aparição dessa "nave-mãe" é uma verdadeira explosão de sentimentos e a história é fascinante.

  • Após quase 40 anos, ainda é meu filme favorito. A sequência final com o grande órgão eletrônico entoando as notas do "primeiro diálogo" é magnífica e sinto arrepios apenas em lembrá-la. Lindo filme!

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