Robocop (2014)
O primeiro erro que se pode cometer é buscar nesse projeto um produto que visa substituir o original. Não é essa a intenção do diretor José Padilha, que sabe, eu tenho certeza, quão bem o original de Paul Verhoeven resistiu ao tempo.
É uma releitura que já demonstra sua legitimidade ao utilizar brevemente o tema composto por Basil Poledouris como parte da crítica corporativa. Ela deixa de emoldurar o heroísmo do protagonista, tornando-se uma fanfarra que simboliza mais os interesses dos engravatados por trás da máquina. Até mesmo a utilização de algumas frases facilmente identificáveis é feita com sagacidade, especialmente a que ecoa o “Eu pago um Dólar por isso”, retirando o gosto amargo da utilização deste recurso em outras refilmagens com menos atitude, como “Planeta dos Macacos – A Origem”.
No original, o robô era apontado pela corporação OCP como a evolução máxima do policial, já que ele nunca entraria em greve. O novo atualiza a crítica social, inserindo na equação o elemento da cultura midiática do medo, situação que o brasileiro está acostumado a viver, com revoltantes programas policiais que acompanham o horário de almoço da família. Fica claro logo nas primeiras cenas o comprometimento autoral, que provavelmente rendeu uma batalha árdua para ser conquistado, fugindo do piloto automático com que os produtores costumam tratar projetos similares.
A existência do filme se justifica nas discussões que o roteiro de Joshua Zetumer incita, deixando de lado o tom pomposo divertido, mas focando com seriedade na eterna questão: o que nos faz humanos? O excelente momento em que Alex Murphy (Joel Kinnaman) é apresentado ao que restou de seu corpo, por si só, já validaria a refilmagem. A vontade própria em Robocop, quando atua em batalha, é somente ilusão?
É dado espaço para a ação, mas quem esperava a catarse do original, com certeza se frustrou. No filme de Verhoeven havia várias cenas em que o público vibrava, mas a sobriedade dá o tom da obra de Padilha, preocupado mais em passar uma mensagem, defendida especialmente pelo personagem vivido por Samuel L. Jackson, certeira o suficiente para ter irritado boa parte do público norte-americano, o que explica a rejeição por lá.
O elenco, com destaque para Gary Oldman (Norton), como o centro moral da trama, e Michael Keaton (Sellars), não foge dos estereótipos, tendo arcos narrativos bastante previsíveis, especialmente Keaton. A violência está lá, mas a proposta realista/detalhista, como Christopher Nolan fez com “Batman”, acaba minimizando a sátira social do original.
Excelente ao mostrar que é possível ser autoral em uma releitura, tornando-a válida, mas um pouco distante demais, frio. O novo “Robocop”, para o bem e para o mal, é um protagonista de filme B levado a sério, mas, ainda assim, levando em consideração o nível do sci-fi genérico que a indústria americana regurgita anualmente, resulta num produto acima da média.
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