Magia Negra (Magic – 1978)
O tímido Corky Withers (Anthony Hopkins) é um brilhante ventríloquo que se esconde por trás da personalidade forte do seu boneco, Fats. Quando a dupla alcança o auge da fama, Fats começa a assumir o controle da mente do seu perturbado mestre.
É possível traçar uma das inspirações para o filme no clássico britânico: “Na Solidão da Noite”, de 1945, no aterrorizante conto dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti. Há também uma boa dose de Norman Bates, o clássico protagonista de “Psicose”, na interpretação competente de Anthony Hopkins, vivendo o perturbado ventríloquo Corky.
O roteiro, escrito por William Goldman, autor do livro original, acerta ao fazer do protagonista alguém por quem o público simpatiza, por mais bizarras que suas atitudes se tornem no decorrer da trama.
O retorno dele para a casa onde viveu na infância, uma alegoria para o esforço de sua psique em procurar o ponto em que sua mente tomou o perigoso atalho da loucura, é uma maneira inteligente de inserir um interesse romântico relevante, algo raro, na personagem vivida pela linda Ann-Margret, alguém que sempre foi secretamente apaixonada por ele.
A direção elegante de Richard Attenborough, que buscava no apelo popular do gênero de terror a verba para realizar seu ambicioso projeto dos sonhos: “Gandhi”, explora no primeiro ato a gradual progressão do protagonista, um artista sem presença de palco, que, como num passe de mágica, reaparece transformado em um competente showman, com seu boneco Fats ganhando a simpatia das plateias.
É inteligente a forma visual que o diretor encontra de salientar o processo irremediável de degradação mental, com criador e criatura vestindo roupas idênticas, potencializando o impacto de cenas teoricamente tranquilas, estabelecendo e alimentando o suspense, que explode com menor sutileza no terceiro ato.
O desfecho insinua a possibilidade de um elemento sobrenatural, porém, prefiro enxergar o filme como a narrativa de um homem psicologicamente destruído, perdendo o controle sobre suas ações e amedrontado pela necessidade de satisfazer os sonhos profissionais projetados pelo pai moribundo.
Ele, inseguro e sem vocação alguma para aquilo, um filho querendo provar seu valor. A cena mais espetacular, mérito da atuação de Hopkins, ocorre quando o empresário do artista, vivido por Burgess Meredith, pede para que ele fique apenas cinco minutos sem representar a voz do boneco.
Uma joia que merece ser redescoberta pela nova geração, tão carente de bons filmes no gênero.
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Acho que o cara é apenas alguém muito atormentado, que projeta seu desequilíbrio para o boneco, porém já li em outros fóruns opiniões de pessoas que acreditam que há algo de maligno no boneco, graças à cena final.