Críticas

O subestimado “O Último Americano Virgem”, de Boaz Davidson

O Último Americano Virgem (The Last American Virgin – 1982)

Começo dizendo que este é um daqueles filmes que fizeram todos os garotos introvertidos da década de oitenta sonharem em trabalhar como entregadores de pizza. Vários projetos seguiam esta tendência. Você, com sorte, seria praticamente agarrado por alguma milf ninfomaníaca sensacional como a Carmelita, vivida pela Louisa Moritz. E quem não sonhou em namorar a Karen (Diane Franklin)? Claro, ela provavelmente partiria seu coração sem piedade, mas o processo até o desfecho valeria a pena.

Antes de continuar, um breve agradecimento, creio que represento todos os brasileiros neste momento: grato eternamente, SBT, por ter apimentado as nossas tardes com nueza gratuita e todo tipo de pilantragem.

Escutar o Mario Jorge dublando o gordinho, improvisando alopradamente e melhorando consideravelmente o material original, faz eu ter pena desta criançada de hoje, refém das bobeiras dos youtubers teens. E, mesmo com a emissora cortando várias cenas mais fortes, como aquela em que as meninas cheiram carreiras de açúcar, tolinhas, solução encontrada pelo trio de amigos para mantê-las interessadas na paquera, boa parte das ousadias temáticas passavam tranquilamente.

O filme é uma refilmagem quase que idêntica do israelense “Sorvete de Limão”, dirigido pelo mesmo Boaz Davidson, acompanhando as aventuras românticas de três rapazes.

O mais tímido e respeitador, Gary (Lawrence Monoson), acaba se apaixonando perdidamente pela garota que está saindo com o cara popular da escola.

Ela despreza o garoto, até que, após ser abandonada grávida, encontra nele seu refúgio. Ao som de “I Will Follow”, do U2, o rapaz vende tudo que tem, faz o diabo para conseguir levantar a grana para ela se livrar da responsabilidade, depois de ter oferecido moradia provisória para a menina se esconder dos pais, sacrifício tremendo que culmina na sequência final mais triste do cinema adolescente do período.

Posso estar exagerando, mas até hoje, quando escuto “Just Once”, do James Ingram, sinto vontade de tacar uma pedra na televisão. Eu, obviamente, sentia forte identificação com o Gary, logo, aquele flagra na cozinha me traumatizou. Que garota desprezível! Naquele momento ele realmente perdeu a “virgindade”, a pureza, a crença na bondade humana. O mundo é injusto.

O primeiro ato focado nas estripulias adolescentes é divertido, mas é similar a tantos outros de sua época, como “Porky’s”. O coração do filme é o que mantém ele relevante até hoje, sobrevivendo muito bem na revisão.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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