Creed 2 (2018)
Adonis Creed (Michael B. Jordan) saiu mais forte do que nunca de sua luta contra ‘Pretty’ Ricky Conlan, e segue sua trajetória rumo ao campeonato mundial de boxe, contra toda a desconfiança que acompanha a sombra de seu pai e com o apoio de Rocky (Sylvester Stallone). A sua próxima luta não será tão simples, ele precisa enfrentar um adversário que possui uma forte ligação com o passado de sua família, o que torna tudo ainda mais complexo.
O caminho mais fácil para o crítico neste caso é bombardear a obra, afinal, com raras exceções, no que me incluo, os colegas gostam mesmo é de projetos umbilicais pretensiosos, lentos, com aquela aura blasé de autoimportância. Admirado com o próprio reflexo, o crítico esquece que o olhar apaixonado é parte fundamental do trabalho. Enxergar a beleza de filmes populares é para quem é intelectualmente seguro e ama esta arte na pluralidade de propostas e emoções que ela desperta.
“Creed 2” é fiel à franquia idealizada por Sylvester Stallone, a estrutura evoca linhas narrativas presentes em “Rocky 2”, “Rocky 3 – O Desafio Supremo” e “Rocky 4”, o aspecto cíclico potencializa ainda mais a sua mensagem central: não há como enfrentar as batalhas da vida se vitimizando, nada é fácil, você precisa aprender a suportar a dor. O competente roteiro não se limita à entregar o óbvio, opção que seria mais convidativa comercialmente, não se trata de uma história de vingança. Ao humanizar o personagem Ivan Drago (Dolph Lundgren), outrora uma caricatura no contexto da Guerra Fria, evidenciando a mágoa que ele sente por se considerar um fracasso e, principalmente, por ter sido abandonado por seu país e sua esposa, o filme entrega um conflito psicologicamente complexo.
Se antes ele era a fria máquina de matar que representava os vilões da era Reagan, agora ele se mostra alguém capaz de mudar de atitude, alguém que foi moldado pelo sofrimento. O filho, Viktor (Florian Munteanu), uma montanha de músculos forjados no ódio, recebe o mesmo tratamento empático. Os únicos vilões reais da obra são os demônios internos que todos os personagens carregam, ou como o próprio Rocky mencionou no filme anterior, o inimigo impiedoso que te encara no espelho.
E, sem revelar muito, o maior afago é realizado na fronte dos fiéis fãs da franquia, a preocupação em fechar de forma orgânica e com dignidade o arco do pugilista mais querido do cinema, sem fugir do leitmotiv envolvendo o relacionamento entre pais e filhos, satisfaz sobremaneira, honrando o bonito legado iniciado no azarão otimista de 1976. Ele é quase um membro da família de todo cinéfilo, alguém que acompanhamos desde sua juventude como cobrador de agiota. Sofremos com suas derrotas, vibramos com suas vitórias, são quarenta e três anos, oito filmes, um indivíduo que, no início de “Creed 2”, acabou de vencer o câncer. Stallone mais uma vez entrega uma atuação rica em camadas, deixando exposta no olhar distante a cicatriz existencial que o impede de encontrar um real senso de plenitude. Ele, que esbanjou coragem nos ringues a vida toda, não se mostra capaz de estabelecer uma simples conexão telefônica com o próprio filho.
O pugilismo é uma alegoria para os combates diários na vida de todos nós, logo, os treinamentos também são quase oníricos, não importa a verossimilhança, o esporte é apenas a moldura. O deserto, biblicamente visto como o terreno das provações, fornece a metáfora visual perfeita para a já tradicional montagem empolgante que conduz à disputa final no ringue. As coreografias das lutas são extremamente eficientes, como já é de se esperar, focando (com o auxílio precioso dos efeitos sonoros) no impacto brutal dos golpes.
A razão do sucesso atemporal da franquia é que o seu coração é genuíno, a paixão de Stallone pelo material é perceptível em cada linha de diálogo, em cada cena. O que mais se pode pedir de uma obra de arte?
Cotação:
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