Críticas

“Idílio em Dó-Ré-Mi”, de Busby Berkeley

Idílio em Dó-Ré-Mi (For Me and My Gal – 1942)

Ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, Harry Palmer (Gene Kelly) e Jo Hayden (Judy Garland) se tornam parceiros. Harry, propositalmente, machuca sua mão para não ser enviado para a guerra. Patriotismo da Primeira Guerra para uma audiência da Segunda.

A mensagem do filme é clara, ele faz parte do esforço norte-americano em vender bônus e estimular nos jovens o orgulho de servir seu país, elemento que soa ingênuo hoje, como quando o personagem de Gene Kelly se arrepende de ter se machucado propositalmente para fugir da obrigação.

Se em muitos casos este direcionamento panfletário prejudica a fluidez dramática da trama, há pelo menos uma grande cena neste contexto, verdadeiramente emocionante, a despedida do irmão da personagem de Judy Garland, que sonhava em ser médico. Garland e Lucille Norman entoam a bonita “Till we meet again”.

Apesar da direção de Berkeley, não há brilho especial nos momentos de palco, então o que realmente se destaca é a segurança e o carisma destruidor do estreante Kelly, que foi convidado por Garland, que começava a se afastar dos papéis infanto-juvenis, após ela ter se encantado com sua participação na peça “Pal Joey”.

O carinho entre os dois é perceptível na tela, a jovem lutou muito para manter o rapaz na produção, após desentendimentos dele com o diretor, gentileza que foi retribuída por ele, anos depois, quando lutou por ela, contra a vontade dos produtores, já que a atriz enfrentava problemas com a dependência química, em “Casa, Comida e Carinho”.

Vendido à época como uma declaração de amor à arte popular do Vaudeville, esta produção de Arthur Freed, com trilha sonora de Roger Edens e Georgie Stoll, infelizmente se perde na segunda metade, com direito à uma sequência que destoa terrivelmente do tom estabelecido mostrando os atos heroicos do personagem de Gene Kelly na batalha.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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