O Jeca e a Égua Milagrosa (1980)
Dois fazendeiros, Libório e Afonso, disputam votos para vencer a eleição para a prefeitura de uma pequena cidadezinha do interior. Os dois têm terreiros de umbanda e candomblé, utilizando os espaços para arregimentar frequentadores e votos. O simplório Raimundo (Mazzaropi) é amigo do coronel Afonso. O rival de Afonso, Libório, tem uma égua, à qual as pessoas atribuem poderes milagrosos de cura, que indispõem os dois fazendeiros.
A última contribuição do grande Amácio Mazzaropi (com o auxílio inestimável de Pio Zamuner) para o cinema brasileiro é pouco lembrada, mas considero uma de suas melhores, em que ele, fisicamente debilitado e já desapegado da ilusão de que a crítica da época seria capaz de analisar com carinho seu trabalho, entrega com sangue nos olhos exatamente o que seu público gostava, com uma crítica política ferina ao sistema eleitoral, incluindo a utilização da fé religiosa por oportunistas e charlatões nas engrenagens do voto, muito mais eficiente em sua objetividade do que as bobagens umbilicais soporíferas que os cineastas mimados do “Cinema Novo” apresentavam em seus transes alucinógenos.
O humor dele é deliciosamente vulgar, como na cena do homem afogado que recebe uma interminável respiração boca a boca (“Se ocê não tirá a bunda dele de dentro d’água, ocê vai secá o rio.”), ou nas frequentes interações com o moribundo Seu Pinto e sua esposa, que o pobre homem deseja dar de presente ao amigo, como herança, para que ela não fique desamparada (“Você quer dar sua mulher pra mim? E o que que eu vô fazer com isso?!”).
Geny Prado como o espírito da esposa do Jeca, atormentando ele em vários momentos, garante mais gargalhadas gostosas devido à simplicidade na execução. A cena do casamento do Jeca com a égua é surreal, uma das imagens que considero emblemáticas no gênero. E, claro, destaco também o tradicional interlúdio musical, em que Mazzaropi canta a bela “Minha Toada”, de Dolores Duran e Edson França.
Uma despedida digna do mestre do humor brasileiro, que faleceria no ano seguinte, enquanto preparava um novo projeto.
Cena em que o personagem de Mazzaropi dá uma aula sempre atual sobre política:
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