A Ligação (Kol – 2020)
Conectada a outra mulher por telefone, mas separada dela no tempo, uma serial killer (Jeon Jong-seo) põe em risco o passado e a vida da sua interlocutora (Park Shin-hye) para mudar o próprio destino.
É curioso perceber na reação do público brasileiro ao filme nas redes sociais o fruto do claro processo de emburrecimento das últimas décadas, a necessidade infantilizada de ter tudo explicadinho (vide o tolo modismo das manchetes “explicando o final de…”), reclamações sobre furos narrativos (na realidade, o problema está no receptor que não entendeu ou não prestou atenção) e o batido erro de expectativa (o filme não é exatamente o que eu queria que fosse, logo, não é bom).
O brasileiro “adultescente” egoísta e mimado não entende que cinema não é pensado para a satisfação de seus caprichos, o prazer da arte está em adentrar o universo proposto pelo realizador, usufruindo de suas escolhas, agregando seu próprio estofo cultural.
As reviravoltas nas linhas temporais se tornam sensorialmente eficientes por causa de dois elementos fundamentais, o ritmo frenético imposto desde o início, que torna a experiência gradativamente mais angustiante, e, sem exagero, as atuações espetaculares de Jeon Jong-seo e Park Shin-hye. O conflito entre as duas (inocência e malícia se alternando) é tão hipnótico que jamais questionamos o recurso simplório utilizado para conectar 1999 e 2019, um aparelho telefônico. Outro ponto que precisa ser destacado é a belíssima utilização da computação gráfica nas sequências em que o destino é transformado, elemento que, nas mãos erradas, poderia facilmente quebrar a imersão do espectador.
O longa de estreia do roteirista/diretor sul-coreano Chung-hyun Lee, inspirado livremente no fraco “The Caller” (2011), que, por sua vez, remetia sutilmente ao sul-coreano “Siworae” (2000, refilmado em 2006 como “A Casa do Lago”), é uma engenhosa mistura de sci-fi, thriller e horror, que trabalha o conceito de viagem no tempo de uma forma intensamente criativa, tonalmente sombria, brincando com segurança neste terreno, surpreendendo o público até mesmo nos créditos finais, evidenciando o total domínio do cineasta no seu jogo de manipulação mental.
O toque verdadeiramente brilhante é utilizar o paradoxo temporal como alegoria para contar uma simples e bonita história sobre culpa e ressignificação na relação pós-traumática entre mãe e filha.
Cotação:
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