Críticas

“Flash Gordon”, de Mike Hodges, no NOW

Flash Gordon (1980)

O autointitulado imperador do Universo, o imperador do planeta Mongo, Ming (Max Von Sydow) planeja destruir a Terra por meio de seus artifícios tecnológicos. Na Terra, um jogador de futebol americano, cujo apelido é Flash Gordon (Sam J. Jones), se vê num acidente de avião com a bela Dale Arden (Melody Anderson), causado por um ataque de Ming à Terra. Perdidos após a queda, eles se veem em meio a uma aventura interplanetária.

“Flash, eu te amo! Mas nós só temos 14 horas para salvar o planeta Terra!” (Dale Arden, vivida por Melody Anderson)

Durante muitos anos a trilha sonora do Queen era o único elemento que me fazia rever a obra dirigida por Mike Hodges, que apesar de nunca ter alcançado o mesmo nível de qualidade, foi o responsável pela pérola policial “Carter – O Vingador”, de 1971. Quando criança, eu não tive contato com o personagem, logo, o meu investimento emocional no filme à época foi raso, o estilo exagerado, kitsch, causava estranheza.

Hoje, o título se tornou referência de como um fracasso monumental pode ser mais relevante em longo prazo que um sucesso comportado. O culpado foi George Lucas, o sucesso de “Star Wars” tornou viável outras tentativas espaciais, inclusive “Flash Gordon”, personagem que o próprio Lucas tentou trabalhar anos antes, mas teve seu pedido recusado pelo produtor Dino De Laurentiis. Ironia do destino, o italiano apostou na ideia outrora rejeitada, motivado pelo sucesso do revide criativo do jovem que ele havia menosprezado.

Sendo coerente com o tom debochado do roteiro de Lorenzo Semple Jr., responsável pelos textos da série do Batman dos anos 60, substituindo a pegada mais pretensiosa sci-fi do roteirista/diretor Nicolas Roeg, afastado após recusar transformar tudo em pastiche, eles escalaram para o papel principal, após receberem um “não” do Kurt Russell (até ele achou o conceito um pouco exagerado demais), o jovem inexperiente Sam J. Jones, tremendo canastrão que os executivos viram em um programa de namoro na televisão.

Um dos maiores atores de sua geração, Max von Sydow, carregando nos ombros o projeto como o vilão Imperador Ming, o único no elenco que verdadeiramente apreciava o herói das tiras de jornal e que, principalmente, desejava estar no projeto. Você sente em sua entrega esta paixão pelo material.

Revisto para este texto, o filme se mantém problemático em diversos pontos, mas, ainda assim, fascinante, encantador.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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