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Dica do DTC – “O Imperador do Norte”, de Robert Aldrich

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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O Imperador do Norte (Emperor of The North Pole – 1973)

Durante a Grande Depressão, os EUA estão cheios de pessoas que agora estão desabrigadas. Estas pessoas, comumente chamadas de “vagabundos”, são realmente odiadas por Shack (Ernest Borgnine), um sádico condutor de trem que jurou que nenhum vagabundo pegaria seu trem de graça. Número Um (Lee Marvin) está pronto para colocar sua vida em risco para se tornar uma lenda local, a primeira pessoa a sobreviver à viagem no famoso trem de Shack.

Eu me recordo de ter sido apresentado ao filme na infância, em alguma exibição televisiva noturna, mas pode ser a memória pregando uma peça, o caso é que algumas cenas ficaram marcadas, principalmente o embate físico entre Borgnine e Marvin no desfecho, um confronto pleno em simbolismo, um tesouro na carreira do grande diretor Robert Aldrich que, infelizmente, caiu no esquecimento, injustiça que pretendo desfazer neste texto.

O tom da obra remete ao estilo visceral de Sam Peckinpah, aliás, ele foi cogitado inicialmente para comandar o projeto, contando com a presença carismática de Borgnine apostando com segurança em um tipo muito diferente do que costumava defender, brutal, sádico, implacável, uma entrega que foi eclipsada na época pelas análises chatas de jornalistas militantes que enxergavam na história apenas a óbvia alegoria social, atitude que deve ter afastado boa parte do público, um crime, já que o filme é, acima de tudo, uma baita aventura imersiva, com o roteiro de Christopher Knopf potencializando gradativamente o suspense, agregando camadas psicológicas à dupla, criando no público a expectativa para o inevitável choque destas duas forças incontroláveis da natureza.

“O Imperador do Norte” é, definitivamente, um tesouro que só melhora a cada revisão.