Críticas

Crítica de “O Pálido Olho Azul”, de Scott Cooper, na NETFLIX

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye- 2022)

Um detetive (Christian Bale) aposentado recruta um cadete chamado Edgar Allan Poe (Harry Melling) para ajudar a investigar um terrível crime na Academia Militar dos EUA.

Eu sempre fui fascinado pela obra de Edgar Allan Poe, curtia bastante a homenagem italiana nos quadrinhos “Mágico Vento”, de Gianfranco Manfredi, mas o autor Louis Bayard foi além, como já é usual em seu conjunto de obra, ele inseriu o homem da machadinha (apelido que Poe ganhou à época por suas ferinas críticas literárias) em uma trama detetivesca fictícia, lançada em 2003, que carrega no título conexão direta ao conto “O Coração Revelador” e respeita a atmosfera dos trabalhos mais celebrados do poeta.

A adaptação cinematográfica homônima, roteirizada e dirigida por Scott Cooper, transporta com inteligência o clima das páginas, com a fotografia realista, gótica, escura, do japonês Masanobu Takayanagi colaborando sensorialmente para o crescendo de tensão. No elenco, Gillian Anderson e Robert Duvall surpreendem em papeis (em teoria) menores. Vale destacar também a elegante trilha sonora composta pelo canadense Howard Shore.

Alguns pontos serão melhor apreciados por aqueles leitores mais dedicados, que conheçam a história da vida de Poe, por exemplo, a ligação estabelecida criativamente entre o personagem vivido pelo sempre competente Christian Bale e o último conto escrito por ele, “O Chalé de Landor”, além de seu nome, que remete ao detetive C. Auguste Dupin, mas até mesmo aqueles que desconheciam sua existência serão presenteados com um mistério brilhante e uma reviravolta verdadeiramente impactante. E, com sorte, o filme conduzirá muitos aos trabalhos do eterno arquiteto do horror.

Um dos méritos de “O Pálido Olho Azul” é ser enriquecido em revisão, algo cada vez mais raro, o roteiro meticuloso se transforma, ressignificando cada cena, os detalhes na entrega do elenco, gestos e olhares, são percebidos de forma radicalmente diferente, praticamente um novo filme desperta após os créditos finais.

Cotação:

Trilha sonora composta por Howard Shore:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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  • Fui presa por aquela atmosfera de luzes,sombras e sons( que você cita nos teus comentários).Uma história, muito bem trabalhada enriquecida pelo ótimo trabalho de seus personagens.
    Vale ser visto .

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