Críticas

Dica do DTC – “A Vingança do Ator”, de Kon Ichikawa

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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A Vingança do Ator (Yukinojo Henge – 1963)

Em excursão com seu grupo de teatro kabuki, Yukinojo (Kazuo Hasegawa), principal ator da companhia, especialista em interpretar personagens femininos, encontra os três homens que provocaram o falecimento de seus pais. Ele planeja a cruel vingança, que começa pela sedução da filha de um dos homens.

O saudoso diretor japonês Kon Ichikawa é usualmente lembrado pelos cinéfilos dedicados por dois grandes filmes, “Fogo na Planície” (Nobi – 1959) e “A Harpa da Birmânia” (Biruma no Tategoto – 1956), mas considero “A Vingança do Ator” o seu melhor trabalho, adaptando o livro homônimo de Otokichi Mikami.

O roteiro, assinado pela esposa e frequente colaboradora de Ichikawa, Natto Wada, subverte as convenções limitantes do melodrama clássico japonês (o “shinpa”) com extrema personalidade, abusando das tintas fortes e do senso de humor sardônico, um estilo delirante coerente ao contexto intensamente teatralizado em que o protagonista está inserido, como veículo para transmitir a sua psique perturbada, fragmentada.

Uma pérola que não pode se manter esquecida nas prateleiras do tempo.