TEXTO ESCRITO E POSTADO ORIGINALMENTE EM 2013
Andarilhos do Deserto (El-haimoune – 1984)
Um jovem professor é enviado a um vilarejo perdido no tempo e acaba envolto em um mundo de misticismo, onde um homem (Assam) passa cinquenta anos cavando as areias à procura de um misterioso tesouro e uma maldição antiga tira os jovens de suas casas e os fazem caminhar pelo deserto eternamente (metáfora para a confusão social e política no mundo árabe moderno), entoando um lamento (representativo do receio pelo futuro).
A jornada do professor, este exílio, torna-se uma eficiente metáfora. Ele chega de ônibus e em pouco tempo irá confrontar seus hábitos refinados àquela esquecida realidade de seu povo. Ele terá que reconfigurar seu condicionamento, aceitando entender como funciona a mentalidade destes homens.
Nos filmes que compõem a bela homenagem de Nacer Khemir à cultura árabe, o deserto é um personagem.
Isolado da sociedade, o povo do vilarejo parece saído diretamente das páginas das “1001 Noites” (material que influenciou o roteiro), fazendo com que não exista uma divisória entre o mítico fantástico e a medíocre realidade, que se alternam garantindo o aspecto mais fascinante da obra. Aquelas pessoas necessitam alimentar-se de suas tradições, suas lendas.
Um belo momento que simboliza o objetivo do cineasta é quando o professor questiona o sábio ancião a respeito do misterioso tesouro, que andava despertando a ganância dos homens: “não é um tesouro, mas sim uma crença, o destino”.
A minha cena favorita ocorre quando um jovem acorda no meio da noite ao lado de sua avó, percebendo temeroso que ela está passando mal.
O menino corre a pedir a ajuda de Hassan (que até o momento havia sido mostrado como as águas de um poço, com quem o menino conversava e se aconselhava), que toma a forma de um homem de turbante, que sai do poço e atende o apelo do jovem, deixando-o na mesma posição (deitado ao lado da avó) e despedindo-se dizendo: “um sonho deve manter-se um sonho”. As palavras não fazem justiça à beleza poética da cena, que, em sua simplicidade, é o ponto alto da obra.
No ato final, a entrada de um enérgico oficial de polícia que representa o mundo moderno (ele chega a chamar o povo da vila de “homens das cavernas”) salienta o olhar nostálgico do diretor com a grandeza mística daquela civilização esquecida.
A sua intenção parece ser querer “disciplinar” aquele povo à força, porém sua ambição é fadada ao fracasso, pois enquanto houver uma criança disposta a acreditar na lírica fantasia, que quebrar espelhos na intenção de proteger seu jardim ou travar diálogos com gênios da lâmpada, estará seguro no planeta o maior enigma de todos.
“O único enigma é o tempo…”
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