Top Gang 2 – A Missão (Hot Shots! Part Deux! – 1993)

Após várias tentativas fracassadas de resgate de uma população de reféns mantida pelo ditador iraquiano Saddam Hussein (Jerry Haleva), o ex-piloto do Exército e herói americano Topper Harley (Charlie Sheen) é chamado para voltar ao trabalho. Sob as ordens do Presidente Benson (Lloyd Bridges), Harley e seus companheiros saltam de paraquedas no Iraque e lutam para libertar os reféns, entre eles, o marido de sua antiga namorada.

Como tentar transportar o leitor adolescente de hoje para o contexto em que vivi a experiência deste filme? Uma realidade tão diferente. Para começo de conversa, consigo me lembrar da exata sensação de euforia que sentíamos ao adentrar uma locadora de vídeo, com o intuito de selecionar quais títulos iriam nos consumir o tempo do final de semana.

Uma boa comédia, mais do que qualquer outro gênero, era o sinônimo de família reunida. Num final de tarde, estava eu, com meu pai, na RG Vídeo, quando o atendente sinalizou a devolução do mais novo fenômeno de locações, a sequência de “Top Gang – Ases Muito Loucos”. O grande atrativo, veja só, era um bônus que vinha antes do filme, um trecho do grande sucesso da época: “Mr. Bean”, se não me falha a memória, o encontro dele com a rainha da Inglaterra. Eu juro, tinha gente que alugava mais para poder rir do Rowan Atkinson, em franca ascensão no Brasil naquele ano.

O pôster que eu tinha no meu quarto na infância não deixa negar, o Rambo era um dos meus heróis favoritos, o livro de David Morrell, a versão de bolso da série: “Campeões de Bilheteria”, era minha “Turma da Mônica”, então fiquei entusiasmado com aquela paródia, este era o grande atrativo. O primeiro filme é tecnicamente melhor, mais redondo, focando as brincadeiras em apenas um projeto, porém, não tinha me agradado muito. Já o segundo, inferior em todos os aspectos, sempre me fez rir. O letreiro inicial, com o datilógrafo tendo dificuldade em escrever uma palavra, dá o tom da palhaçada, um humor menos elegante do que “Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu” e “Corra Que a Polícia Vem
Aí”, com um clima constante de brincadeira da galera do fundão da sala de aula. Comparado aos vergonhosos similares realizados hoje em dia, pode ser considerado uma obra-prima.

Saddam Hussein vibrando ao assistir Arsenio Hall na televisão, biscoitinhos servidos de um busto de Abraham Lincoln, duas das várias piadinhas bobas que o roteiro joga logo nos primeiros minutos. É trivial, não há como disfarçar, risada sem contundência. O negócio começa a melhorar quando acompanhamos a viagem do Coronel Trautman genérico, vivido pelo próprio Richard Crenna, para a Tailândia, ao encontro de Topper Harley, Charlie Sheen na melhor fase de sua carreira, antes de virar uma paródia de si mesmo.

Esta sequência conseguia homenagear, ao mesmo tempo, “Rambo 3” e “Kickboxer – O Desafio do Dragão”, duas das fitas que eu mais alugava. Nunca mais eu conseguiria ver a cena dos punhos dos lutadores no vidro sem sentir falta das jujubas e do doce de leite. A maior curtição era ficar tentando captar todas as referências, que, vale dizer, não eram nada sutis. O mais interessante é que muitas das falas mais engraçadas eram tiradas quase que ipsis litteris dos diálogos em “Rambo 3”, salientando o fato de que o diretor Jim Abrahams estava conduzindo a paródia de uma paródia que se levava a sério.

Muitas cenas funcionam no segundo ato. Só de me lembrar do momento de tensão romântica no banco de trás da limousine, ao som de “I’m So Excited”, com o motorista aproveitando a vista com óculos 3D e comendo pipoca, não consigo segurar o riso. Eu veria um filme inteiro composto dos bastidores das filmagens deste filme, imagino a diversão do elenco no set. É uma pena que não tenham realizado uma terceira parte.



Viva você também este sonho...

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