O Último Pistoleiro (The Shootist – 1976)
John Wayne batalhava corajosamente contra um câncer no estômago, após ter vencido anos antes o mesmo mal, tendo que remover o pulmão esquerdo e quatro costelas.
Em 1964, o primeiro já o havia deixado extremamente debilitado, mas ele quis assumir publicamente sua doença. Os seus agentes tentaram impedi-lo, com medo de perderem contratos e futuros papéis no cinema, mas o guerreiro lutava em seus próprios termos.
Wayne liderou uma campanha em massa alertando a todos sobre a necessidade de tomarem medidas preventivas. Cinco anos depois se viu livre da doença, mas os efeitos colaterais provaram-se devastadores em um homem tão cheio de vida.
Já com quase 70 anos e com uma carreira consagrada de mais de 140 filmes, o velho caubói pressentia que pouco tempo restava, o mundo estava mudando rapidamente com o crepúsculo da década de 70 se principiando no horizonte.
Ele que havia sido o ídolo dos primeiros anos da Sétima Arte, com suas aventuras escapistas que eletrizavam as matinês, agora presenciava a reformulação do gênero Western pelas mãos competentes dos italianos. Os chapéus e as pradarias continuavam as mesmas, mas a ideologia era totalmente diferente. O mundo não aceitava mais as histórias coloridas e simples de mocinhos e bandidos, os tons de cinza dominavam o velho oeste de Peckinpah e Leone.
O belo epitáfio de Wayne veio na forma do sensível: “O Último Pistoleiro“, com direção de Don Siegel e a presença dos amigos de longa data: James Stewart, John Carradine e Lauren Bacall. Aquele seria o último filme dele, algo que era claro para a equipe, pois seu estado de saúde piorava dia após dia. Havia o temor de que talvez ele nem conseguisse terminar as gravações, mas todos estavam determinados a dar este último presente ao “Duke”, uma chance de interpretar o papel que ele sempre desejou.
Na história, Wayne vive J.B. Books, um velho pistoleiro com câncer que descobre ter poucos dias de vida e decide sair de cena da forma mais digna possível. Ele se recusa a ceder à sua dor, deitar-se e esperar lentamente seu último suspiro. A sua vontade é tombar em um duelo justo, ser admirado e merecer o eterno descanso.
Siegel consegue incutir na obra grande sensibilidade, iniciando-a com trechos de filmes do jovem Wayne, utilizando estas cenas para emoldurar a vida do icônico personagem. Mais do que um filme sobre o fictício J.B. Books, o diretor deixa claro que se trata de uma homenagem em vida ao maior símbolo do Western mundial, um homem que é idolatrado em seu país não somente por suas contribuições ao cinema, mas também por sua integridade de caráter.
Em 1979, o guerreiro não suportou mais e nos deixou. “O Último Pistoleiro” foi sua despedida triunfal das telas. Uma das raras vezes em que um ator teve a chance de conscientemente dizer adeus para seu público e agradecer pelo carinho. Não existe fim mais digno que este.
“O amanhã é o elemento mais importante da vida. À meia-noite ele chega e se apresenta claramente. Perfeito, se entrega em nossas mãos, esperançoso de que tenhamos aprendido algo com o ontem.” (John Wayne)
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Parabéns pela publicação, Wayne foi meu ídolo de infância e adolescencia!