Críticas

Tesouros da Sétima Arte – “Sob o Domínio do Medo”, de Sam Peckinpah

Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs – 1971)

Eu reconheço os méritos técnicos e a inovação que “Meu Ódio será sua Herança” (The Wild Bunch – 1969) trouxeram ao mundo do cinema. Além de uma revitalização muito bem vinda do gênero Western, foram responsáveis por uma nova visão de como poderiam ser gravadas as cenas de ação, com uma edição que alternava cenas em tempo real e em câmera lenta. Artifício hoje em dia banalizado em Hollywood, mas que chamou muita atenção naquele período.

Já “Sob o Domínio do Medo” não inovou em nenhum aspecto técnico, mas sempre foi o meu favorito na filmografia do diretor. Na época de seu lançamento virou motivo de debates inflamados, devido a uma longa cena violenta, que mesmo sendo ingênua se comparada ao que realizam hoje em dia, na época chamou a atenção dos críticos. A realidade é que não havia outra forma de relatar aquela passagem, que é essencial para a evolução do personagem vivido por Dustin Hoffman. Este é o seu turning point, o momento que irá definir todas as suas ações posteriores e encaminhar a trama ao seu espetacular desfecho.

Hoffman vive um homem pacato, casado com uma bela mulher, vivida pela linda Susan George. O casal sai da cidade grande para passar uns dias de paz em um sítio no interior da Inglaterra. Chegando lá, Amy (Susan) começa a flertar discretamente com alguns habitantes locais. Não tarda para que os problemas se iniciem na vida de David (Hoffman) e ele tenha que deixar despertar seu lado bestial e selvagem, numa tentativa de manter a honra de sua família.

Sam Peckinpah trabalha brilhantemente a construção do suspense que nos deixa ansiosos, da hostilidade velada dos rudes habitantes do local às pequenas discussões entre o casal. Tudo sendo calculado com precisão para literalmente explodir em seus minutos finais, com o diretor fazendo valer sua fama de “poeta da violência”.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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