Críticas

“A Garota Dinamarquesa”, de Tom Hooper

A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl – 2015)

A história de amor real entre as pintoras dinamarquesas Lili Elbe (Eddie Redmayne) e Gerda Gottlieb (Alicia Vikander). Obrigada a viver como Einar Wegener desde o nascimento, em 1930, Lili foi uma das primeiras mulheres a passar por uma cirurgia de transgenitalização.

A forma como o protagonista, logo no início, toca suavemente nas roupas femininas penduradas, enquanto caminha por elas, é uma maneira simplista do roteiro, de Lucinda Coxon, evidenciar sua condição. Esta característica se faz presente do início ao fim, com o roteiro evitando qualquer aprofundamento psicológico, limitando-se a repetições de obviedades.

Sabemos que o personagem é uma mulher presa no corpo de um homem, não é preciso que a história reforce isto constantemente, das maneiras mais clichês. Um transgênero não quer apenas se vestir como mulher. Um indivíduo é muito mais do que sua vida romântica. Como nos filmes anteriores do diretor, fica a sensação de que ele subestima descaradamente o seu público, o que nunca é um bom sinal.

Eddie Redmayne, até mesmo nas cenas mais despretensiosas de seus filmes, faz questão de deixar perceptível que está atuando. É um constante piscar de olhos para os votantes das premiações, o que acaba cansando, já que, apesar de todo o hype que praticamente o tirou da obscuridade da noite para o dia, o rapaz não tem muito carisma natural, tudo nele é forçado, calculado.

A frieza na abordagem do filme, que parece estar mais interessado em exibir sua impecável direção de arte (uma atitude “for your consideration” que vem se tornando cada vez menos sutil na indústria), não ajuda o resultado, esta mania moderna de confundir austeridade vazia com elegância, boicotando uma história realmente interessante, com um grande potencial.

O ponto alto é a personagem Gerda, grande momento de Alicia Vikander, esta sim, uma tremenda atriz com muito carisma. A esposa de Einar (Redmayne), uma artista tentando conquistar seu espaço, que sofre a perda do parceiro ao enxergar a feminilidade latente nele, porém, possui a maturidade emocional para ajudá-lo no difícil processo de aceitação, em uma época em que a mudança de gênero era algo inadmissível pela sociedade.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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  • Eu até acho o Ed um bom ator, mas não em A Garota dinamarquesa. Bom encontrar quem concorda comigo, porque parece que odo mundo amou a interpretação dele.
    Acho forçada, exagerada. Costumam falar que está sutil, mas me parece exatamente sem sutileza.
    Quem realmente rouba a cena é a Vinkander, que interpreta sua Gerda com uma força surpreendente.

    http://carissinha.blogspot.com.br/

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