Séries

Crítica nostálgica da clássica série japonesa “Ultraman” (1966-1967)

Ultraman (Urutoraman: Kûsô Tokusatsu Shirîzu – 1966-1967)

Ao perseguir um monstro, o alienígena de nome Ultraman, vindo da nebulosa M-78, chega ao planeta Terra. Acidentalmente, a nave extraterrestre se choca com a nave em que se encontrava o oficial Hayata (Susumu Kurobe), da Patrulha Científica. Após à colisão, Hayata, em estado crítico, é salvo pelo alienígena, que transfere sua energia vital ao humano moribundo. 

“Vindo da terra da luz para nos proteger, seja bem-vindo, o nosso Ultraman.” (tradução de trecho da música-tema)

Apreciado com os olhos acostumados aos efeitos especiais modernos, “Ultraman” pode causar tremenda estranheza, afinal, como o público-alvo era infantil, boa parte do que é apresentado nos episódios são maquetes, espaçonaves de brinquedo, monstros emborrachados com zíper nas costas, até a máscara do protagonista visivelmente está derretendo com o calor do estúdio nos primeiros episódios, truques visuais simplórios, na esteira das inovações de séries como “Thunderbirds”, que havia estreado no ano anterior na televisão britânica.

Qual é a razão de algo tão ingênuo ter ganhado o coração de fãs de todas as idades no mundo todo e, mais que isto, como consegue manter o encanto e o charme intactos até hoje?

Basta rever os 39 episódios para constatar que o segredo está na estrutura das histórias, a fórmula que serviu de fonte de inspiração para o gênero tokusatsu, monstros gigantes, senso de humor adorável, mensagens bonitas sobre o valor do companheirismo, a importância da honra e, como símbolo da força da união de indivíduos com personalidades diferentes por um ideal nobre, uma equipe de heróis carismática (a “Patrulha Científica”), em suma, o material humano.

O elemento fantástico, as batalhas apoteóticas, tomava pouquíssimo tempo, o alienígena só aparecia para salvar o mundo nos últimos minutos. E, mesmo assim, toque precioso, ele tinha uma fragilidade que o tornava ainda mais interessante, além de agregar suspense aos conflitos, um marcador de energia no peito que começava a piscar avisando que a morte era iminente.

Da esquerda para a direita: Akiji Kobayashi, Masanari Nihei, Hiroko Sakurai, Sandayu Dokumamushi e Susumu Kurobe, a “Patrulha Científica”.

O meu primeiro contato com a série foi na pré-adolescência, através de matérias no programa “Top TV” e na revista “Herói”, depois pude efetivamente ver os episódios na TV Manchete em meados da década de noventa, mas não me apaixonei pelo conceito à época, o contraste de qualidade era absurdo quando comparado com “Jaspion” e “Changeman”.

Anos depois, quando a internet começou a facilitar o garimpo dos apaixonados por arte, eu pude ter a chance de compreender melhor o fascínio por trás deste ícone da cultura popular criado por Eiji Tsuburaya, o fundador da “Tsuburaya Pro”, uma lenda dos efeitos especiais japoneses, que esteve envolvido na produção do clássico “Godzilla” (de 1954).

Ele conseguia, com o enquadramento da câmera, maquetes e o trabalho teatral físico dos dublês, criar a ilusão de que aqueles monstros realmente eram gigantescos e pesavam toneladas.

Ao aliar o clima sci-fi do seriado norte-americano “Além da Imaginação” com o senso de aventura das histórias do samurai Miyamoto Musashi, ele estabeleceu um padrão que conquistou espaço em diversas mídias, rendendo várias sequências (como “Ultraseven”, que foi sucesso no Brasil) e sendo reverenciado até hoje no gênero.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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