Críticas

“Alien – A Ressurreição”, de Jean-Pierre Jeunet, na STAR PLUS

Alien – A Ressurreição (Alien: Resurrection – 1997)

Dois séculos depois de seu falecimento, a tenente Ripley (Sigourney Weaver) é clonada por cientistas a bordo de uma espaçonave, a qual é também um laboratório. Porém, o clone tem sangue alienígena na sua composição.

A expectativa para este filme era tremenda, acompanhei na época todas as matérias nas revistas de cinema, “Sci-Fi News”, “Set”, o retorno de Sigourney Weaver ao papel, por si só, já tranquilizava os corações dos fãs. A própria atriz afirmava que não queria participar, mas os produtores investiram pesado, ela brinca dizendo que “levaram um caminhão lotado de cédulas” até a sua casa; a proposta realmente não era promissora, a personagem havia caído num tanque de lava no desfecho do projeto anterior, a utilização do recurso do clone já soava desgastado, mas eu tinha alugado em VHS anos antes, “Delicatessen”, do mesmo diretor, Jean-Pierre Jeunet, sabia que criatividade não seria um problema para ele.

O resultado é problemático, o roteiro original de Joss Whedon (que viria a se tornar famoso mundialmente com a série “Buffy – A Caça-Vampiros” e o universo cinematográfico da Marvel) era protagonizado pelo clone da pequena Newt, a garotinha de “Aliens – O Resgate”, a pegada era diferente, mais filosófica e épica, só que os executivos rejeitaram, ele precisou reescrever, dá para perceber no produto final que havia uma ideia muito interessante na essência da trama, infelizmente abandonada no meio do caminho.

Eu não gostei à época, após várias revisões, consigo enxergar com mais carinho a obra, mas há uma cena que considero genial em conceito e execução, depois descobri que Weaver afirmou que só assinou o contrato após ler este trecho do roteiro, o momento dramático em que Ripley-8 encontra um ambiente no laboratório onde os cientistas preservam as suas sete versões anteriores geneticamente defeituosas. A atuação dela, misto de piedade e ódio, potencializa o necessário investimento emocional do público, injeta vulnerabilidade naquela figura fria. Outro toque brilhante foi evoluir o ameaçador xenomorfo para a forma híbrida, através de experiências científicas com objetivos diabólicos, ao invés de apenas repetir o molde dos anteriores.

“Alien – A Ressurreição” pode não ser a despedida perfeita de Ellen Ripley, uma das personagens mais amadas pelos fãs do gênero, no que me incluo, mas, em revisão para este texto, sobreviveu bem ao árduo teste do tempo.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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