Críticas

“Inferno”, de John G. Avildsen, na NET NOW

Inferno (Desert Heat – 1999)

Eddie Lomax (Jean-Claude Van Damme) é um atormentado ex-combatente que vai visitar um velho amigo dos tempos de exército em uma pequena cidade americana. No caminho termina por se envolver com os valentões locais. Depois de recuperado, Lomax parte em busca de vingança.

Eu sempre fui apaixonado por filmes de artes marciais, teve uma época da minha adolescência em que decidi caçar nas locadoras de vídeo toda a filmografia do Van Damme, obviamente fazia uma cópia e adicionava orgulhosamente em minha videoteca. Até hoje não entendo o ódio dos críticos à época com esta pérola (provavelmente motivado por preconceito porque foi lançada direto em vídeo, numa época em que isto significava fraco potencial mercadológico), último trabalho do saudoso diretor John G. Avildsen (de “Rocky” e “Karatê Kid”), que homenageia “O Estranho Sem Nome”, de Clint Eastwood, e o clássico “Yojimbo”, de Akira Kurosawa, com elementos místicos (representados na figura do espírito indígena, vivido por Danny Trejo) e uma dose generosa de humor.

Avildsen ficou incomodado com a constante interferência dos executivos na produção, além das reclamações do protagonista, que (como um dos produtores) exigiu que o corte final deixasse mais ambígua a presença do “espírito”, o diretor então pediu que seu nome fosse retirado da divulgação e dos créditos (substituído pelo pseudônimo Danny Mulroon), só que a atitude não levou em conta a qualidade do resultado, mas sim, estas experiências ruins nos bastidores. Analisando em retrospecto, considero até que o ator estava certo, a dúvida agrega bem-vinda estranheza e uma atmosfera onírica etérea (remete, guardadas as devidas proporções, à “Bagdad Café”) verdadeiramente hipnotizante, aspecto favorecido pelas presenças inebriantes das belíssimas Jaime Pressly e Gabrielle Fitzpatrick.

Ao rever a obra para este texto, fiquei positivamente surpreso, segue divertida e eficiente, com personagens carismáticos (com destaque para o sempre cativante Pat Morita), boas cenas de ação e uma trilha sonora espetacular (com utilização esperta da guitarra elétrica e camadas em sintetizadores) composta pelo grande Bill Conti.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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