O Comboio do Medo (Sorcerer – 1977)
Um grupo de proscritos é forçado a trabalhar na América do Sul, tendo que conduzir um caminhão de explosivos numa perigosa missão.
Não gosto de comparar o filme de William Friedkin com a primeira adaptação do livro de Georges Arnaud, o impecável “O Salário do Medo”, de Henri-Georges Clouzot, o mestre do suspense francês, o único cineasta que foi capaz de fazer Hitchcock tremer. Não seria justo, já que se trata de uma sincera homenagem, prejudicada terrivelmente em seu lançamento pelo fenômeno “Star Wars”.
É muito importante que o filme seja favorecido pela contextualização histórica, rejeitando a pecha reducionista de fracasso de bilheteria que sempre acompanhou a obra. Um olhar mais atento é o suficiente para que se aplauda o preciosismo técnico desse thriller existencialista, não apenas na sequência da travessia do caminhão pela ponte, mas também na construção de um clima sufocante que beira o horror, com os veículos irrompendo na mata noturna como monstros sobrenaturais conduzindo os homens numa fuga do inferno, uma alegoria sombria do elemento da imprevisibilidade na vida, o feiticeiro (sorcerer) que rege os destinos.
É possível perceber a influência de Luis Buñuel, especialmente na utilização generosa do realismo mágico no terceiro ato, do livro “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, e até mesmo do colega de movimento Monte Hellman, na forma como utiliza o silêncio para potencializar o caos interno dos personagens. O primeiro ato não funciona tão bem no objetivo de criar tensão, mas quando a trama se foca na missão do grupo, liderado por Roy Scheider, estrangeiros numa terra hostil e impiedosa, uma metáfora para a difícil relação entre os diferentes países, fica impossível tirar os olhos da tela.
Uma pérola que merece ser redescoberta pela nova geração de cinéfilos dedicados.
* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.
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