Éden (Eden – 2024)
Em 1932, um grupo de europeus desiludidos se estabelece em uma ilha remota e desabitada no arquipélago de Galápagos, mas eles descobrem que sua maior ameaça não é o clima brutal ou a vida selvagem, mas uns aos outros. À medida que as tensões aumentam e o desespero toma conta, uma luta de poder causa traições e violência.
Eu recomendo uma sessão dupla com o documentário “O Caso Galápagos” (2013), que aborda o caso real que inspirou este novo trabalho do diretor Ron Howard, você encontra ele com facilidade no Youtube.
“O mundo enlouqueceu, e fugir dele é a única coisa sã a se fazer.”
A humanidade nunca aprende, o caminho para o cíclico fim sempre se inicia e é alimentado por sonhos utópicos, que, por sua vez, escondem ambições totalitárias, acúmulo de poder e a submissão alheia.
O roteiro de Noah Pink utiliza o caso como fábula moral, com o personagem vivido por Jude Law servindo como a voz do questionamento filosófico existencial nietzschiano, o homem que se afastou do mundo e escolheu adotar o hedonismo.
Ao descobrir com um deslumbrado visitante que a imprensa utiliza de forma sensacionalista e aventureira a sua imagem, ele se irrita, ele não se enxerga como uma caricatura patética, ele é incapaz de perscrutar a própria ingenuidade.
Há breves cenas de sutil brilhantismo, como quando o filósofo é comicamente interrompido repetidamente pela personagem de Sydney Sweeney, enquanto disserta do alto de sua arrogância sobre a irrelevância de Deus. Ele se considera capaz de consertar todas as coisas erradas no planeta diante de sua máquina de escrever, mas se enrola na simples interação humana.
Outro bom momento é a apresentação da personagem vivida pela Ana de Armas, o tipo de figura iludida e infantilizada que normalmente é seduzida por qualquer utopia, ela se aproxima vaidosa da ilha, carregada como divindade, com direito à pomposa trilha sonora. E, claro, por baixo do verniz ideológico rapidamente descascado, há um interesse puramente mercadológico, nada transcendental, a construção de um hotel de luxo. Vale ressaltar que este viés crítico ecoa inteligentemente na imagem que fecha a obra, uma escolha corajosa.
O apreço usual do diretor pela longa duração prejudica a imersão no segundo ato, quebra o ritmo, a economia principalmente neste caso potencializaria o impacto da mensagem, mas não é um problema grave.
“Éden” não força a mão em qualquer agenda ideológica, mérito de Howard, a sua verdade se exibe naturalmente provocando a reflexão.
Cotação:
Trailer:
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