Jane Eyre (1943)

As atribulações pelas quais a jovem inglesa Jane Eyre (Joan Fontaine) passou na infância não foram poucas. Órfã e criada em um lar abusivo, Jane acaba se tornando uma governanta em Thornfield Hall, onde ela se apaixona pelo proprietário mais velho, Edward Rochester (Orson Welles). No entanto, diversos obstáculos estão no caminho do romance de Jane com o misterioso aristocrata, e o amor pode não sobreviver a uma série de eventos que se mostram dramáticos e infelizes.

Esta é a mais bela adaptação da obra de Charlotte Brontë, com uma linda fotografia de George Barnes e uma direção refinada do subestimado Robert Stevenson, sempre lembrado apenas por sua parceria de sucesso com a Disney.

Alguns aspectos podem incomodar os que apreciam o livro, indo além da rápida compreensão de que as linhas narradas, nas cenas que detalham as páginas do livro, não condizem com a realidade literária. Joan Fontaine estava no auge de sua beleza, qualidade que a Jane do livro não compartilha, e falha na batalha intelectual com o Rochester vivido por Orson Welles.

A sua personalidade é frágil e seu carisma reside na piedade que suscita, não na força interna, o que fortalece o melodrama, objetivo claro do roteiro. Mas quando focamos demais na fidelidade, estamos ignorando que a linguagem cinematográfica é uma arte própria, que pode complementar, nunca deve substituir. Como as luzes expressionistas que emolduram a pequena Jane, sentindo-se sozinha em um mundo cruel. A sua rebeldia contra a figura de autoridade, ao ver os cachos do cabelo da amiga sendo cortados, algo inexistente no livro, evidencia sua compaixão como a maior qualidade de seu caráter.

Um detalhe que vale ser ressaltado é a participação do escritor Aldous Huxley, de “Admirável Mundo Novo”, na elaboração do roteiro, assim como uma ponta não creditada de uma pequena Elizabeth Taylor, já demonstrando incrível presença de cena.



Viva você também este sonho...

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