Música, Divina Música! (They Shall Have Music – 1939)

O filme, dirigido por Archie Mayo, já emociona nos primeiros segundos, com um intertítulo avisando que a obra é dedicada às escolas de música. A sociedade da época, imersa na Grande Depressão, encontrando a redenção através da música clássica.

O conceito, por si só, envolvendo crianças carentes lutando contra o fechamento da escola, toca diretamente o coração de qualquer indivíduo minimamente sensível. É lindo perceber o encanto nos olhos da criança, vivida por Gene Reynolds, que abandona uma rotina de pequenos crimes, ao assistir, por engano, um concerto de violino.

O grande violinista lituano Jascha Heifetz, que abrilhanta o filme em vários momentos com seu talento, foi escolhido pelo produtor Samuel Goldwin, que já estava tentando há anos encontrar o projeto certo para ele. Quem não conhece este músico lendário, não perca mais tempo, recomendo que assista o documentário “Jascha Heifetz, o violinista de Deus”, de 2011.

Alguns podem acusar o roteiro de ser sentimental em excesso, o que não seria um equívoco total de análise, mas é importante contextualizar a trama em sua época. Os americanos necessitavam entrar na sala escura e, duas horas depois, saírem acreditando que ainda havia esperança para o mundo. Essa inteligência temática é, por exemplo, um dos problemas da cinematografia brasileira, incapaz de encontrar ressonância emocional com o público.

Vale destacar a excelente fotografia do mestre Gregg Toland, que faria “Cidadão Kane” dois anos depois, um refinamento evidenciado já na sequência que abre o projeto, estabelecendo a pobreza de uma forma bastante crua e sombria, o que torna os interlúdios musicais ainda mais reconfortantes.

* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora “Classicline”.



Viva você também este sonho...

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