O Franco-Atirador (The Gunman – 2015)
É interessante ver Sean Penn arriscando, e convencendo, no
papel de herói de ação, num projeto em que o diretor Pierre Morel reutiliza a
fórmula de seu ótimo “Busca Implacável”, porém, o roteiro se limita a
satisfazer minimamente o público que consumia as fitas B do gênero nas
locadoras de vídeo da década de oitenta. Cenas promissoras que se perdem em
convenções desgastadas, como as tórridas sequências românticas dos thrillers da
década de noventa, com um casal que já percebemos que será formado desde os
primeiros momentos.

Não há organicidade alguma, tudo é calculado como numa produção protagonizada
pelo Stallone, nivelado pelos excessos e pela incoerência, até mesmo os alívios
cômicos soam datados. Um filme que chega, no mínimo, com um atraso de vinte
anos. O que dá mais pena é constatar que o bom elenco de apoio é
indesculpavelmente desperdiçado, especialmente Javier Bardem, um ator de
competência comprovada, cuja ausência de profundidade em sua caracterização,
culpa do roteiro, chega a causar revolta. Numa clara atitude de estudante de
cinema, é inserida uma subtrama absurdamente desnecessária, na tentativa óbvia
de disfarçar o amadorismo na narrativa, onde o protagonista sofre de um
problema de memória. A intenção é agregar mais tensão ao suspense pífio, mas,
sem mais nem menos, o foco se perde em um interesse romântico banal, com a
personagem vivida por Jasmine Trinca, que parece ter sido escrita por uma
criança, desvalorizando qualquer esforço.

A ação, elemento mais eficiente, rende boas cenas, mas, sinceramente, qualquer
produção moderna, com orçamento razoável, entrega diversão satisfatória nesse
sentido. O que queremos receber, ao encontrarmos esse elenco no cartaz, é, no
mínimo, uma trama que nos faça acreditar nas motivações dos personagens. “O
Franco-Atirador” é, infelizmente, esquecido no minuto seguinte ao acender das
luzes da sessão.



Viva você também este sonho...

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