De Volta Para o Futuro (Back To The Future – 1985)

De Volta Para o Futuro 2 (Back To The Future Part 2 – 1989)

De Volta Para o Futuro 3 (Back To The Future Part 3 – 1990)

O filme traduzia em imagens o sonho máximo de qualquer jovem fã de ficção científica: poder se deslocar para qualquer época da história e modificar o rumo de sua vida.

A ideia foi concebida pelo roteirista Bob Gale após uma visita a seus pais. Ao encontrar no porão da casa um velho livro escolar, descobriu que seu pai havia sido o presidente de sua classe de formandos. Comparando-o com o presidente na sua época de adolescente, percebeu que o via como alguém totalmente diferente dele, alguém que nunca faria parte de seu círculo de amizades.

Caso ele tivesse convivido com seu pai na época de escola, teriam se dado bem? Após encontrar-se com o amigo Robert Zemeckis, acabou descobrindo que compartilhavam o mesmo interesse. Ele achava interessante a ideia de uma mãe que orgulhosamente dizia aos seus filhos que nunca havia beijado ninguém na escola, mas, na realidade, havia sido uma jovem bastante festiva. Nascia então o conceito fantástico por trás da trilogia.

Marty McFly (Michael J. Fox) representa o adolescente típico de sua época. Insatisfeito com seu pai, por considerá-lo um homem fraco e submisso, sempre alvo das perseguições de um valentão. Vê sua mãe como uma pessoa deprimida e descuidada com seu corpo. O jovem tem como amigo um infame inventor visto como louco pela sociedade, Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd). Um grande acerto no roteiro é não nos explicar como essas figuras tão díspares acabaram se tornando amigos tão próximos.

Teria sido uma consequência de uma viagem no tempo? Casualidade? Outra ideia fantástica é transformar a usual máquina do tempo, sempre retratada pelo cinema do gênero, especialmente nos anos cinquenta, como engenhocas visualmente complexas, em um antiquado DeLorean, com suas portas que se abrem verticalmente.

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O segundo e o terceiro, filmados simultaneamente, mantém o carisma do primeiro, brincando com as regras estabelecidas.

Eu gosto demais da estrutura narrativa caótica do segundo, fugindo do convencional, sem atos definidos e abusando do elemento da viagem no tempo, que, ao contrário do original, tem papel fundamental do início ao fim. Só pelo fato do roteiro se dedicar exclusivamente ao recurso, extremamente arriscado, já demonstra a coragem da produção, qualidade raríssima em sequências de filmes de sucesso.

Toda a parte explicativa, necessária, e que normalmente toma várias cenas em projetos similares, é resolvida neste em uma cena curta, em que Doc Brown, melhor professor do mundo, explica para o público a teoria em rabiscadas de giz na lousa. Simples e eficiente.

A opção de Dean Cundey por uma fotografia que prima pelo exagero nas cores, em sua representação do futuro, merece crédito por se afastar daquela visão futurista clássica no cinema do gênero, quase sempre sombria e pessimista.

Este aspecto dark é reservado para a visão alternativa do “presente” do personagem, a sua cidade dominada pelo ambicioso Biff, uma sequência cujo tom difere totalmente do que a história havia estabelecido até então. E, claro, vale salientar a presença da bela Elizabeth Shue, como a namorada de Marty, vivida sem brilho no original por Claudia Wells.

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O embrião criado no primeiro filme e aprimorado em suas duas continuações é um prato cheio para os que se deliciam vendo várias vezes. As suas camadas de interpretação são tão amplas, que vale a pena ver as obras por diferentes pontos de vista, descobrindo assim um filme novo a cada vez.

Ao voltar para a década de cinquenta, Marty acaba criando o Rock and Roll ao tocar em sua guitarra “Johnny B. Goode”, na festa de formatura de seus pais. Consegue fazer seu pai se impor perante o amigo que passaria a vida toda infernizando ele, acabando por salvar a honra de sua mãe e modificando totalmente o seu futuro. É a magia do cinema ensinando que podemos modificar nossas vidas inteiras mediante pequenas ações no presente.

Vale salientar também a qualidade técnica e artística das continuações, tão boas ou melhores que o original. Eu considero o segundo, por exemplo, bastante superior ao primeiro. O jovem em sua segunda aventura precisa lidar com as consequências de seus atos no filme original, pois todo o espaço-tempo foi modificado.

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O filme brinca com cenas como a da formatura, fazendo Marty revisitar seu próprio solo de guitarra. Em nenhum momento fica a impressão que os produtores intencionavam apenas lucrar em cima do sucesso do primeiro, existe uma razão bem justificada para cada linha de roteiro. No terceiro, os produtores ousaram ir além, levando a trama e seus personagens para o Velho Oeste americano. Em 1955, o jovem recebe uma carta do Dr. Brown datada de 1855 e descobre que ele será eliminado, precisando voltar ao passado para tentar salvar seu amigo.

O terceiro, algo difícil na indústria, consegue manter o nível dos anteriores, oferecendo algo que os fãs não esperavam, e, possivelmente, não desejavam, uma homenagem ao gênero Western. Saudade da época em que os produtores não mimavam o público nas continuações. O que temos hoje? Um período dominado por franquias medíocres e preguiçosas.

A conclusão criada para a saga demonstrava imenso poder autoral de seus criadores, pois não deixam ao final nenhuma esperança de retorno. Aquela era a história que Bob Gale e Robert Zemeckis queriam contar e chegava ao seu apoteótico desfecho. Teorias para possíveis continuações não faltam, mas estão no local certo, nas mentes dos fãs e admiradores desta aventura inesquecível.

Graças à trilogia “De Volta para o Futuro”, poderei sempre voltar no tempo, ao som da ótima trilha sonora de Alan Silvestri, e vivenciar novamente o brilhantismo que iluminou minha imaginação outrora com sonhos escapistas e DeLoreans voadores.



Viva você também este sonho...

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