Caravana de Mulheres (Westward The Women – 1951)

Um grupo de 150 mulheres liderado por Buck Wyatt (Robert Taylor) atravessa o Oeste americano em direção à Califórnia. O maior objetivo da viagem é arranjar esposas para os trabalhadores da fazenda de Roy Whitman (John McIntire), o organizador do grupo que dirige um rancho quase totalmente habitado por homens.

É interessante traçar um paralelo entre esse clássico pouco lembrado do diretor William A. Wellman, também conhecido pelo título: “O Poder da Mulher”, e dois filmes lançados nacionalmente nesse ano: “Mad Max – Estrada da Fúria”, essencialmente um faroeste, e “Dívida de Honra”, dirigido por Tommy Lee Jones. Os três discutem o papel da mulher na sociedade, subvertendo e desmistificando, em tom claro de crítica, as funções usuais dos personagens em uma obra do gênero, que é, invariavelmente, machista.

Wellman é lembrado por ter sido o responsável pelo épico mudo “Asas” (1927), o primeiro ganhador do Oscar, mas sua contribuição para o cinema é muito mais interessante, com tesouros que merecem ser redescobertos, como “Mendigos da Vida” (1928), além do clássico gângster “Inimigo Público” (1931), os excelentes “Beau Geste” (1939) e “Consciências Mortas” (1943), e, um tesouro esquecido de guerra: “O Preço da Glória” (1949).

Frank Capra, o homem por trás de “A Felicidade Não se Compra” e tantos outros inesquecíveis tearjerkers, vendeu a história, que planejava dirigir, para Wellman, porém, em vários momentos, é perceptível o toque do italiano, especialmente na bonita subtrama envolvendo uma criança, filho de uma das valentes mulheres da caravana, e seu fiel cãozinho. O personagem vivido por Robert Taylor, que parece defender o papel conscientemente exagerando todos os maneirismos típicos dos heróis da época, numa espécie de sátira, é colocado, ao longo da trama, como um coadjuvante de luxo que tem seus preconceitos reavaliados minuto a minuto.

Uma cena que evidencia sua função ocorre quando uma das diligências perde uma roda, com uma das mulheres parindo o filho em seu interior. Todas elas se reúnem, utilizando seus corpos como alavanca para que nada atrapalhe aquele momento mágico, enquanto o homem, à distância, testemunha o real significado da nobreza.

O interesse do diretor não está nas batalhas com os índios, clichê da época, que nem são mostradas, mas, sim, em celebrar a união destas personagens na superação dos obstáculos mais comuns, como a descida das diligências por um íngreme desfiladeiro.

* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora “Classicline”.



Viva você também este sonho...

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