A Princesa do Nilo (Princess of The Nile – 1954)

É muito nostálgico rever filmes clássicos com essa temática, grande parte deles era exibido frequentemente na “Sessão da Tarde”. Aventuras curtinhas, o mocinho e o bandido bem definidos, com muitos duelos de espadas, mulheres lindas e dança do ventre. Somente os dois últimos elementos já garantiam a audiência na minha televisão 14 polegadas, ainda mais quando eram protagonizados por Debra Paget.

Claro que na época eu não a identificava pelo nome. Nunca me esqueço do impacto de sua dança no filme “O Sepulcro Indiano”, porém, ainda que mais comportada, prefiro sua desenvoltura corporal em “A Princesa do Nilo”, em que ela consegue ser inebriante até mesmo enfrentando um agressor com sua espada.

Jeffrey Hunter, que na época eu só identificava como o Jesus de “Rei dos Reis”, foi alvo de minha inveja por semanas. E ele tinha sorte mesmo, já que a opção inicial do estúdio para o papel da princesa egípcia Shalimar era Marilyn Monroe, ele não tinha como sair perdendo. Esse contrato ele assinou sorrindo, não tenho dúvida. O tom da trama é tão ingênuo que nenhum personagem consegue reconhecer que a princesa e a dançarina são a mesma pessoa, apenas por causa de um véu transparente no rosto.

Eu tenho uma teoria válida: quando ela está disfarçada como dançarina, ninguém consegue tirar os olhos de suas pernas. Analisando hoje, percebo como a jovem era uma atriz limitada, o que acaba contrastando um pouco com a abordagem séria do protagonista. A famosa cena de dança, mesmo com os cortes que sofreu da censura da época, continua, por sorte, provocante demais para os padrões do início da década de 50.

A direção de Harmon Jones, que depois trabalharia em projetos televisivos, colabora com o cenário exótico, sempre um tom acima, entregando um clima farsesco, corroborado pela utilização deliciosamente equivocada de matte paintings pouco convincentes, aqueles cenários de fundo pintados, em diversas cenas que acabam parecendo teatro infantil de escola; longe de ser um defeito, o recurso acaba sendo um charme a mais nessa diversão despretensiosa.

Talvez eu esteja defendendo o filme apenas pela presença estonteante da Debra Paget. Marcou minha cinefilia vespertina na infância.



Viva você também este sonho...

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