Crime e Castigo (Crime and Punishment – 1935)

Peter Lorre interpreta o inteligente jovem Roderick Raskolnikov, atormentado por sentimentos de culpa por ter eliminado uma senhora, além de um crescente sentimento de paranoia gerado pela presença constante e ameaçadora do inspetor Porfiry.

Aqueles que buscam uma adaptação mais fiel, em letra e espírito, da obra máxima de Dostoiévski devem ver a versão russa de 1970, dirigida por Lev Kulidzhanov. Mas, ao contrário do que muitos afirmam, esta versão protagonizada por Peter Lorre não é ruim. É, de fato, uma adaptação bastante diluída, comandada por Josef von Sternberg, o mestre por trás de “A Última Ordem”, um dos melhores filmes da época silenciosa, e o cultuado “O Anjo Azul”. Em essência, é o protótipo do que viria a ser o Noir.

Acho fascinante a forma encontrada para salientar a ambiguidade do protagonista, o conflito entre a arrogância e o ímpeto por se minimizar perante a sociedade, elemento que é realçado visualmente com detalhes, como a figura de Napoleão (com quem ele se identifica) no quarto e o expressionista uso das sombras, que parecem aprisionar progressivamente o personagem. Raskolnikov utiliza o papel do jornal que celebrava sua conquista literária como forro para seu sapato furado.

Ele, abusando da linguagem corporal, consegue ir além do roteiro, transmitindo a complexidade de emoções que movem suas ações, muito mais do que sentimento de culpa, um misto de nobreza e integridade, que conquista a admiração do inspetor que está em seu encalço. Mais do que fazer justiça, Porfiry, vivido por Edward Arnold, deseja conduzir o atormentado homem à redenção.



Viva você também este sonho...

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