Soberba (The Magnificent Ambersons – 1942)

Indianápolis, final do século XIX. A família Amberson se revela relutante em acompanhar as transformações que a rodeiam. Uma mulher desperdiça sua vida ao deixar de se casar com sua grande paixão por dois motivos: o primeiro foi em razão de uma serenata na qual houve um pequeno acidente, que fez com que ela se sentisse ridícula e acabasse se casando com um homem que não amava. O segundo foi a interferência do único filho na vida da mãe. Quando este homem, agora viúvo assim como ela, tenta se reaproximar, o filho, por pura estupidez, bate a porta na sua cara.

É triste constatar a estupidez dos produtores que, preocupados com as reações negativas de sessões teste, decidiram retalhar a obra, tomando o controle das mãos de seu criador. A versão que o mundo conhece do filme representa, com sorte, 40% do que o diretor pretendia realizar.

E, mesmo assim, após todos os cortes e adições equivocadas, especialmente um desfecho absurdamente incoerente com o tom estabelecido nos primeiros dois atos, ainda é possível reconhecer no produto final os traços de genialidade que, com certeza, atraíram a inveja de muitos colegas. Orson Welles, assim como o nosso Anselmo Duarte, guardadas as devidas proporções, foi vítima de sua extrema competência.

“Soberba” tem uma das cenas mais impactantes da história do cinema, a confissão do arrependimento do filho, George Amberson Minifer, vivido por Tim Holt, arrogante na infância e intensamente egoísta na vida adulta, no leito vazio de sua falecida mãe. Ajoelhado, uma silhueta tomada pelas sombras, excelente fotografia do mestre Stanley Cortez, o homem implora por um perdão que nunca viria. O nome de sua família, elemento que o fazia acreditar ser tão importante, esquecido nas ruínas de uma nova sociedade industrial.

Quando ele sofre um acidente, pouco tempo depois, o grande George Amberson se torna uma mínima nota no jornal, reduzido a ser citado como um dos vários empregados da companhia.



Viva você também este sonho...

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