Jornada nas Estrelas – O Filme (Star Trek: The Motion Picture – 1979)
A Federação pede ao almirante James T. Kirk e a tripulação da nave estelar Enterprise que contenha um objeto imenso, que está em rota de colisão com a Terra. Depois de investigar, a tripulação descobre que a nuvem alienígena abriga uma inteligência artificial com intenções sinistras.
Celebrando o aniversário de cinquenta anos de “Star Trek”, revi o DVD com a Versão do Diretor, que considero a definitiva, a melhor forma de apreciar esta obra.
O fenômeno “Star Wars” foi o responsável pelo interesse dos produtores em resgatar a série clássica de Gene Roddenberry para sua primeira aventura cinematográfica, mas a história de Alan Dean Foster presta reverência à grandeza reflexiva da obra-prima: “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, com o uso frequente de longas tomadas de apreciação do universo em que a equipe de heróis está inserida, reforçadas pela competência nos efeitos de Douglas Trumbull, que também foi responsável pelo clássico de Kubrick.
O que muitos enxergam como um andamento arrastado, na realidade traz intrínseco nos questionamentos que propõe um peso intelectual adulto que faz as novas produções na franquia parecerem divertidos livros infantis.
O roteiro é fiel ao espírito dos episódios, trata com respeito os personagens principais, entrega boas tiradas de humor e esporádicas sequências de ação, com a coragem de não se debruçar em vilões caricatos, estratégia que seria impensável na indústria de hoje.
O ritmo lento trabalha a favor da narrativa, por exemplo, após uma demorada exibição da nave Enterprise, emoldurada pela linda trilha sonora de Jerry Goldsmith, o veterano capitão Kirk adentra uma caótica ponte de comando tomada pelos barulhentos jovens tripulantes, uma nova geração que é representada pela figura de Decker, que fica indignado ao descobrir que será substituído por aquele coroa.
O caso é que William Shatner, visivelmente orgulhoso de retornar ao personagem, entra no jogo de Stephen Collins, elevando consideravelmente a qualidade dos diálogos nesse conflito com olhares e gestos sutis, coisa de quem conhece plenamente as motivações emocionais que fogem às páginas do roteiro.
A preocupação em jogar luz em cada cantinho da nave, detalhando situações comuns com o olhar de um pesquisador, nada mais é que uma evolução necessária das limitações técnicas da série televisiva.
A nave se transforma praticamente em um personagem vivo, você se importa com o carinho que a tripulação sente por aquele patrimônio, o que faz cada ameaça ao seu funcionamento ser mais eficiente, possibilitando a força emocional da cena de sua destruição no desfecho da terceira produção.
A direção do grande Robert Wise potencializa a elegância épica da trama, a direção de arte austera, os uniformes da tripulação são perceptivelmente desconfortáveis, ao contrário das camisetas simples da década de 60, quase como armaduras em seu corte, o que exigia que o elenco se mantivesse num estado de alerta constante, figuras míticas imponentes, algo que se perdeu já no filme seguinte, que funciona melhor como entretenimento, mas não tem a mesma relevância.
“Jornada nas Estrelas – O Filme” é uma boa graphic novel, enquanto “A Ira de Khan” é um excelente gibizinho mensal.
A ideia da procura pelo criador, algo que seria retrabalhado de forma inferior no quinto filme, ganha contornos filosóficos surpreendentes ao ser compreendida pelo único membro plenamente lógico e racional: Spock, o saudoso Leonard Nimoy. Ele chora por V’Ger, ele se identifica com o desespero causado pelo vazio existencial.
Somente a racionalidade e o conhecimento não bastam para que fiquemos satisfeitos, precisamos de algo mais, o mistério nos motiva a seguir caminhando inexoravelmente em direção ao fim de tudo, a sensação de fazer parte de algo maior nos conforta e alivia o fardo.
Trilha sonora composta por Jerry Goldsmith:
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