Candelaria (2017)
Havana, 1994. A União Soviética se desintegra, o embargo à Cuba continua intacto e mais firme do que nunca. No meio disto tudo, a vida do casal Candelaria, 75, e Victor Hugo, 76, está cada vez mas monótona e triste. Mas toda a fase obscura começa a mudar quando encontram uma câmera e, curiosos, passam a filmar seu dia a dia, e reencontram parte de sua vida perdida. O problema é que, tempos depois, o objeto desaparecerá.
A função da seção “Tesouros da Sétima Arte” no “Devo Tudo ao Cinema” é jogar luz em obras pouco conhecidas ou injustamente subestimadas, filmes que você realmente precisa garimpar para encontrar, como é o caso desta pérola colombiana, dirigida por Jhonny Hendrix.
O casal, vivido por Manuel Viveros e Verónica Lynn, vive uma rotina entediante, sobrevivendo com dificuldade em uma sociedade destruída por uma ditadura comunista. Parece não haver nada mais a ser dito entre eles, apenas resta o conforto da presença do outro como fragilizado suporte para enfrentar as intempéries psicológicas da aproximação da finitude. “Falecer de nostalgia ou de fome?”, a dura constatação do homem ao ser obrigado a vender um objeto particular para garantir alimento na mesa pouco iluminada.
A fotografia reforça sempre o leitmotiv do esgotamento dos recursos. Tudo muda quando é inserido na equação o elemento simplório da câmera de vídeo, ferramenta que simbolicamente é capaz de registrar a memória, logo, estimulando a valorização de pequenos momentos que, de outra forma, acabariam se perdendo naturalmente.
A imagem mitifica o mundano, o homem enxerga novamente na esposa a beleza, e, por conseguinte, ao perceber que seu corpo ainda encanta o marido, ela resgata sua autoestima, volta a sorrir sem motivo específico e começa a provocar ele com vídeos da intimidade do casal. Os dois, com o auxílio da câmera, resgatam a leveza adolescente no crepúsculo de suas vidas.
O roteiro inteligentemente estabelece visualmente a simbologia mais forte quando o homem, por descuido, acaba pisando em um uma das pequenas aves de estimação da esposa. Ela, sem saber a razão do sumiço da ave, chora a saudade do pequeno “Silêncio”. O marido esmagou o “silêncio” que havia entre eles. A reviravolta mais ousada ocorre no terceiro ato, quando a câmera é roubada e os vídeos do casal despertam o interesse comercial do ladrão, que propõe pagar por mais material.
Aquilo que, inicialmente, parece algo esquisito demais, conduzido com tom cômico, representa com folga a aventura que aquela simples câmera trouxe no cotidiano de pessoas que já aguardavam resignadas à aproximação da finitude.
“Candelaria” é doce, leve, abordando o resgate da vaidade e a necessidade de se viver plenamente, contra todas as probabilidades, já que a vida não é fácil para ninguém.
Cotação:
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