
B13 – 13º Distrito (Banlieue 13 – 2004)
Paris, 2010. Diante do aumento inevitável da criminalidade em alguns subúrbios, o governo autoriza a construção de um muro de isolamento ao redor dos bairros classificados como de alto risco. O pior de todos é o 13º distrito, que é controlado por um chefão do crime, Taha (Dominique Dorol). Um jovem punk íntegro, Leïto (David Belle), está determinador em acabar com seu poder. Enquanto isto, um míssil é roubado e ao agente Damien (Cyril Raffaelli) é dada a quase impossível missão de desarmá-lo.
Se tem o dedo de Luc Besson na produção, você já pode se preparar para algo, no mínimo, ousado em estilo e intensamente divertido. O francês assina o roteiro, ao lado de Bibi Naceri, a direção é de ninguém menos que Pierre Morel, que já havia trabalhado na fotografia de “Cão de Briga” e “Carga Explosiva”, entre outros, e que, graças ao sucesso desta pérola, a sua primeira na função, seria conduzido ao mainstream hollywoodiano anos depois com “Busca Implacável”, também conhecido como o filme responsável por transformar Liam Neeson no Charles Bronson da nova geração.
Um ponto que agrega ainda mais valor à obra é ter como protagonista o fundador do Parkour, David Belle, esporte que logo seria abraçado pelo mainstream, como em “007 – Cassino Royale”. Ele injeta credibilidade em cada pirueta vertiginosa, tudo realizado sem auxílio de computação gráfica ou cabos, cenas que verdadeiramente compensam o roteiro simplório, emulando elementos de “Fuga de Nova York”, clássico oitentista de John Carpenter, e o desequilíbrio artístico do elenco.
Táxi – Velocidade nas Ruas (Taxi – 1998)
Marselha, França. Um entregador de pizza, Daniel (Samy Naveri), deixa seu trabalho e começa a dirigir um táxi que foi especialmente projetado para ter a potência de um F1. Quando Daniel exibe o desempenho do seu carro para Émilien (Frédéric Diefenthal), não imagina que ele é um policial. Émilien concorda em fazer vista grossa se Daniel ajudá-lo a capturar uma quadrilha notória de ladrões alemães de bancos, o que melhoraria sua imagem na corporação policial.
A direção de Gérard Pirès, trabalhando o conceito idealizado por (sempre ele) Luc Besson, cativa o espectador pela despretensão logo nos primeiros minutos, sem qualquer insinuação de sentimentalismo, a proposta é fazer o público se divertir. Há gracejos direcionados à Tarantino (a escolha musical por iniciar com a grega “Misirlou”, na versão de Dick Dale), Scorsese e a franquia 007, mas o trunfo é não se levar a sério, focando em sequências cada vez mais espetaculares de ação pelas ruas de Marselha, com aquele desapego pela integridade dos automóveis que remete aos esforços do saudoso Hal Needham, de “Agarra-me se Puderes” e “Quem Não Corre, Voa”.
O incrível sucesso popular, levando em conta o baixíssimo orçamento, rendeu mais quatro continuações e uma (fraquíssima) refilmagem norte-americana. O grande astro é a fotografia de Jean-Pierre Sauvaire, que, com sua abordagem clara nas perseguições de automóveis, honrando clássicos como “Bullitt” e “Operação França”, empolga mais do que a usual ilusão proporcionada em filmes mais preguiçosos por cortes rápidos na montagem. Vale destacar também a presença da belíssima Marion Cotillard, anos antes de se tornar musa mundial dos cinéfilos.