La Sapienza (2014)

Um prestigiado arquiteto viaja com sua esposa à Itália para terminar de escrever um livro. Eles conhecem dois irmãos com quem discutem o amor, a história e a arte.

A antinaturalidade bressoniana dos trabalhos de Eugène Green me encanta mais a cada projeto. Este, ainda que não tenha superado “A Ponte das Artes”, que considero seu melhor trabalho, consegue injetar emoção e densidade intelectual em uma trama comum, que poderia facilmente se tornar um ótimo sonífero em mãos menos capazes.

A trama aborda um arquiteto de meia-idade, vivido por Fabrizio Rongione, que se descobre intensamente frustrado ao perceber que desperdiçava seu talento em construções padronizadas, edificações que serviam apenas a uma funcionalidade que não dependia de qualquer traço de personalidade do seu criador. Ele decide então embarcar em uma longa jornada para reviver os passos de seu ídolo na profissão, um mestre barroco romano do século dezessete.

A bela alegoria trata verdadeiramente da erudita viagem interna de alguém que deseja se reencontrar com sua paixão inicial pelo trabalho que realiza, implacavelmente se desintoxicando da medíocre geografia urbana globalizada. O segundo ato ganha pontos com a entrada do jovem estudante, vivido por Ludovico Succio, completamente apaixonado pelo tema, muito esforçado, mas sem o aprendizado técnico, um reflexo do arquiteto de outrora no espelho da vida.

Inicialmente pouco disposto a servir de tutor, mas eventualmente cativado pelo amor do discípulo pela arquitetura, o homem terá uma chance perfeita de recuperar o entusiasmo perdido, descobrindo ao constatar no horizonte crepuscular de sua vida que a real sabedoria, leitmotiv expresso já no título, reside na dedicada preparação para esse utópico e subjetivo conceito. O sonho que motiva o esforço, elemento que nunca deve se perder nas curvas frustrantes da vida.



Viva você também este sonho...

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