No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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A Esquina do Pecado (Back Street – 1932)

Ray Schmidt (Irene Dunne) é uma jovem alegre que se apaixona por um homem (John Boles) casado. Após algum tempo eles se tornam amantes.

A trama, adaptada do livro homônimo da romancista Fannie Hurst, foi refilmada duas vezes, em 1941 e 1961, a versão com Susan Hayward é muito competente, mas o charme do original é imbatível, principalmente por ser uma pérola pré-code (obras lançadas até a chegada do Código de Produção, leia-se, censura), corajosa, lúcida, com a presença da grande Irene Dunne.

O diretor John M. Stahl adota uma abordagem livre de julgamentos morais, opção que engrandece o resultado, agregando camadas de complexidade psicológica ao que poderia, em mãos menos refinadas, acabar se tornando um melodrama vazio. O relacionamento romântico é trabalhado com honestidade, há dor, angústia, culpa, o público enxerga dois adultos emocionalmente maduros em cena lutando pela sobrevivência de um sentimento, a entrega do casal faz com que você verdadeiramente se importe, não é a trilha sonora que provoca as lágrimas, mas sim, os olhares esperançosos dos dois através das décadas.

O desfecho é de partir o coração, lindo em sua execução, de uma elegância ímpar, perceba nos últimos segundos o toque sutil da luz que toca carinhosamente o rosto de Dunne, o metafórico reencontro, finalmente livre das amarras sociais.

  • Você encontra facilmente o filme garimpando na internet.


Viva você também este sonho...

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