Os Fabelmans (The Fabelmans – 2022)

O jovem Sammy Fabelman (Mateo Zoryan e Gabriel LaBelle) se apaixona por filmes depois que seus pais (Michelle Williams e Paul Dano) o levam para assistir ao novo trabalho do diretor Cecil B. DeMille: “O Maior Espetáculo da Terra”. Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe.

O primeiro elemento que me encantou na obra foi a trilha sonora minimalista composta pelo mestre John Williams, que exala inteligência emotiva, amor em cada nota, gratidão por uma parceria artística de 50 anos, e, que gesto lindo, após presentear os apaixonados por cinema com temas inesquecíveis, ele se encarregou de assinar a identidade musical do filme que conta a história da vida de seu amigo, Steven Spielberg, o semiautobiográfico “Os Fabelmans”.

devotudoaocinema.com.br - Crítica de "Os Fabelmans", de Steven Spielberg

Outro momento que considero brilhante é a imagem final, que, obviamente, não revelarei no texto, mas que sintetiza com muita elegância uma das mensagens do roteiro, escrito por Tony Kushner e o próprio diretor, a devoção religiosa ao cinema como elemento facilitador nos obstáculos da vida, como formador de caráter.

Não é apenas um tema de interesse, um hobby, o pequeno Sammy, impactado pela cena do acidente de trem na tela grande, pede aos pais um trenzinho de brinquedo, e, inconscientemente, ao repetir a ação em menor escala, busca tomar o controle da situação e transformar o evento em um espetáculo que toque outrem, algo que só se mostra possível quando ele é levado a utilizar a câmera para registrar e editar a brincadeira, neste momento é forjada a identidade que o mundo viria a aplaudir por décadas.

O apoio da mãe, vivida impecavelmente por Michelle Williams, uma mulher sensível e que silenciou sua arte para se dedicar à família, aliado à lucidez do pai, pontos que representaram segurança e desafio na jornada do garoto, que passou a produzir curtas informais esbanjando criatividade, explorando a fisicalidade da filmagem em 8mm, criando efeitos primitivos e surpreendentemente eficientes, utilizando técnicas instintivas para transmitir emoções nos mais variados cenários, claro, tendo como matéria-prima os seus gêneros favoritos à época, faroeste e guerra.

Quando o rapaz apresenta o resultado dos esforços para uma plateia, a mágica acontece, a reação daqueles rostos na escuridão exerce uma função terapêutica, a angústia do bullying escolar some, qualquer dúvida existencial se desfaz, ao controlar as imagens provenientes da lanterna mágica, ele compreende que pode controlar a sua própria rotina. Mas a dor de uma realidade sutilmente capturada pela ferramenta de sua libertação trará o conflito familiar que, possivelmente, perturba sua mente até hoje.

“Os Fabelmans” é um enternecedor processo de cura, um doce rogo por perdão, o trabalho mais pessoal de Spielberg, brutalmente honesto, maduro, além de ser uma linda carta de amor ao cinema.

Cotação: devotudoaocinema.com.br - Crítica de "Os Fabelmans", de Steven Spielberg

* O filme estreia nesta semana nas salas de cinema brasileiras.

Trilha sonora composta pelo grande John Williams:



Viva você também este sonho...

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