Carrascos de Shaolin (Hung Hsi Kuan – 1977)

É comum hoje a indústria de cinema se aproveitar de forma nada orgânica do discurso feminista para lucrar alto, mas houve época em que voos mais ousados eram dados no tema, com espontaneidade e humor.

Esta produção dos estúdios Shaw Brothers, dirigida pelo competente Lau Kar-leung, de “A Câmara 36 de Shaolin”, traz o requinte usual, coreografias espetaculares e majestosos cenários, porém, o que fica após a sessão é a sua mensagem.

A trama se passa durante a dinastia Qing, em que os Manchus liderados pelo lendário traidor guerreiro taoísta eunuco Pai Mei (Lo Lieh), invadem e destroem o Templo de Shaolin. Durante o ataque, o mestre de cabelos brancos derrota e mata o líder dos monges, participação breve e marcante de Gordon Liu, mas o seu principal discípulo, vivido por Kuan Tai Chen, consegue escapar juntamente com poucos colegas.

Após a fuga, eles se juntam ao movimento anti-Qing como membros de uma companhia de ópera itinerante. Durante uma de suas viagens, ele conhece a jovem Fang Yung-chun (Lily Li), especialista no estilo da garça, com quem se casa e tem um filho, passando a treinar intensivamente o estilo da garra de tigre para conseguir finalmente vingar o seu mestre.

O interessante é que os dois nutrem preconceito pelas técnicas do outro, a divisão (assim como a metáfora) é clara entre o que deve ser utilizado por homens e por mulheres. Só que o menino cresce guiado pela mãe a se vestir como uma garota, sendo treinado por ela no estilo da garça.

Sem revelar muito sobre o terceiro ato, a história comprova que a negação do feminino ou do masculino no indivíduo conduz à derrota, a resposta aparece somente quando o guerreiro combina as duas potencialidades, desestabilizando o aparentemente indestrutível Pai Mei.



Viva você também este sonho...

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