• TEXTO ESCRITO E PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 2009, NO EXTINTO SITE “CINEMA”.

O que existe por trás do astro favorito de cinema dos norte-americanos? Clint Eastwood, um veterano que recebeu este título, deixando para trás artistas da moda, jovens e mimados pela crítica mundial, deixa bastante claro que no mundo da sétima arte ainda existe espaço para a qualidade atemporal de seus trabalhos e um público enorme de fãs de todas as idades.

Eastwood faz parte de uma linhagem em extinção no cinema, artistas que sabem promover bem sua imagem, conhecem a alquimia que os transforma em mitos, conquistando a vida eterna. Fazendo uma comparação, da mesma forma que existem diretores brasileiros que se orgulham de terem esnobado os produtores da franquia de 007, com suas propostas de dirigir um “James Bond”, Clint poderia muito bem ter se distanciado de sua persona mítica após ter conseguido certo status, mas não o fez. Ele é inteligente, não tem medo de arriscar e prova isto a cada trabalho autoral.

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Clint tornou-se sinônimo de cara durão, anti-herói, cavaleiro solitário das estepes idealizadas pelo cineasta John Ford. Mesmo quando saiu de sua zona de conforto e foi para a cadeira de diretor, continuou a realizar obras que fortaleciam o ícone que havia criado. Sempre tocando em temas polêmicos, como a eutanásia em “Menina de Ouro”, ousando ver a guerra pelos olhos dos japoneses no ótimo “Cartas de Iwo Jima”, mostrando a decadência do velho oeste na obra prima “Os Imperdoáveis” ou explorando o amor que brota da experiência, no sensível “As Pontes de Madison”.

Além de atuar, produzir e dirigir, Clint também é compositor das trilhas de vários de seus filmes, como em “Menina de Ouro” e no tema de amor em “As Pontes de Madison”. Assim como Chaplin, ele dá real importância ao lado autoral de seus trabalhos, tentando compor seus filmes como um grande maestro, muito mais preocupado com seu conjunto de obra do que a maioria dos artistas desta geração.

A sua imagem como herói do velho oeste ainda se mantém sólida e ele parece saborear este fato com prazer. As suas obras ao lado do diretor italiano Sergio Leone, como o inestimável “Três Homens em Conflito”, além de terem importância incalculável em seu gênero, mostram-se cada vez mais atuais e continuam entretendo o público casual em busca de algo mais que um bang-bang de folhetim. Do pistoleiro implacável da Itália ao vigilante policial Harry Callahan, a sua fama já estava consolidada e seu rosto reconhecido mundialmente. A sua influência na cultura pop é considerável e seu rosto estampa camisetas de jovens que o reconhecem como um ídolo cool.

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Para um jovem, filho de um operário metalúrgico, que passou a juventude trabalhando como atendente em um posto de gasolina, este futuro seria tão impensável quanto, para um ateu, a visão de Jesus descendo dos céus. Pensar que tudo poderia ter acabado quando um jovem Eastwood se alistou no exército e via em seu caminho a guerra da Coréia.

A sorte fez com que ele escapasse após ter sobrevivido à queda de seu avião e ficado gravemente ferido. Estas situações devem ter passado pela cabeça dele ao subir no palco francês para receber o prêmio Lumière pelo conjunto de sua obra. Assim como ser eleito numa enquete pública como o astro favorito dos norte-americanos provavelmente não estava em seus planos enquanto tocava piano em um simplório bar de Oakland por alguns trocados.

O seu sucesso seria advindo de pura sorte ou de uma batalha sem fim por superação pessoal? Respondendo a pergunta inicial, o que existe por trás do astro favorito de cinema? Integridade moral e inteligência criativa. Grato por nos dar seu exemplo, Clint!



Viva você também este sonho...

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