No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.

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A Bandeira Negra (La Bandera Negra – 1956)

O saudoso diretor espanhol Amando de Ossorio é lembrado pelos cinéfilos mais dedicados, vale ressaltar, uma espécie em extinção, como o responsável pelos filmes de terror dos zumbis templários cegos, destaco o bom “A Noite do Terror Cego” (1972) e “O Retorno dos Mortos-Vivos” (1973), mas a sua estreia no cinema foi corajosa, cheia de atitude na estética e no conteúdo.

“A Bandeira Negra”, baseada em peça de Horacio Ruiz de la Fuente, é um monólogo intenso defendido pelo ator José María Seoane, uma crítica contundente à pena capital, retratando a angústia de um pai que aguarda durante uma longa noite excruciante a execução de seu filho. Ele não pede pela libertação dele, não nega a culpabilidade no ato criminoso, apenas questiona a grave punição.

Nós somos apresentados ao homem, um elegante professor, sendo escorraçado de um bar, ele não consegue voltar para casa, as recordações trazem dor. O rapaz é seu único filho, como ele afirma no bonito terceiro ato, a razão de sua existência. Algumas cenas flertam com o surrealismo, com clara influência do Expressionismo Alemão, elemento que engrandece ainda mais o esforço criativo.

O longa foi produzido por um jovem estudante de Direito, Francisco Javier Pérez de Rada, filmado secretamente nas ruas de Madrid em algumas noites, já que foi barrado pela censura do regime franquista.

  • Você encontra o filme com facilidade no Youtube.


Viva você também este sonho...

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