Neste sábado ensolarado, minha esposa e eu saímos cedo de casa para o usual garimpo cultural pelos sebos da região, desviando dos bloquinhos de rua deste interminável Carnaval carioca.

Ao chegarmos na banca da Praça Sáenz Peña, um patrimônio da cidade, recebemos a terrível notícia de que eles foram intimados a fechar o estabelecimento. Este é o último dia de funcionamento do sebo.

devotudoaocinema.com.br - O último dia de um sebo muito querido...

Um funcionário me informou que é por puro capricho de um político, já que a ordem afeta também outras bancas de livros usados nas ruas próximas, não há dívida financeira, tudo está regularizado, parece que estão querendo esvaziar o espaço para que ele seja utilizado futuramente para eventos eleitorais.

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O funcionário depende do que ganha trabalhando no sebo, não houve nem tempo para que ele se organizasse, uma situação verdadeiramente triste. O curioso é que, enquanto nós conversávamos sobre o assunto, vários clientes se aproximaram e compartilharam o choque deste fim abrupto e ilógico.

Alguns até se emocionaram, a banca faz parte da memória afetiva de muitos moradores, afinal, já são quase 10 anos de atividade diária, com renovação frequente de estoque. Não é algo fácil, principalmente no Rio de Janeiro.

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Como sou frequentador assíduo, posso afirmar que este simples espaço opera pequenos milagres, fico sempre feliz quando vejo pais despertando o interesse dos filhos pequenos pela leitura, folheando as páginas. Neste local fizemos amigos ao longo dos anos, sorrimos, discutimos vários temas, esta banca deixará saudade.

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Eu sinceramente espero que algo aconteça, que o político em questão redirecione sua rota, creio que ele não vai gostar de ser citado como o responsável pelo fechamento dos sebos da região. Uma cidade com políticos sérios e cultos valorizaria estes templos literários que facilitam o acesso do povo mais pobre aos livros.

Os sebos são os vestígios de que este país já foi grande, a prova inegável de que este povo já se importou em alguma medida com o autoaprimoramento intelectual constante… Será que este é o motivo obscuro por trás desta ação?

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Ao nos despedirmos, com a algazarra dos foliões como marcha fúnebre, tento manter a esperança, penso na luta dos funcionários e no carinho dos clientes.

Grato por tudo e até breve, amigos, tenho fé…



Viva você também este sonho...

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