Se você valoriza o garimpo cultural, buscando conhecer o cinema que é realizado no mundo todo, já merece aplausos de pé. A maioria se satisfaz com o raso, tocando os pés no fundo, com medo de tentar dar braçadas na piscina olímpica.
Amar cinema é se dedicar na arte do garimpo de filmes obscuros ao redor do mundo, aprendendo sobre diferentes culturas através de suas ricas expressões artísticas. Há um pouco de Indiana Jones em todos os cinéfilos, ou deveria haver, já que a preguiça intelectual não faz bem. Então, para ajudar, eu selecionei 10 títulos de variados gêneros e de várias partes do globo que merecem maior reconhecimento.
Na era da internet, desejo real e um pouco de paciência (em alguns casos), bastam para que você encontre maneiras de entrar em contato com este material. Você não vai encontrar estas pérolas nas plataformas de streaming. E, digo mais, se depender do imediatismo revolucionário atual, o cinema está com os dias contados, no futuro próximo, você vai procurar certos títulos e simplesmente não vai encontrar mais. Uma dica, garimpe o filme na internet, grave em mídia física e guarde com carinho.
Não perca tempo, comece a desbravar este oceano de infinitas possibilidades hoje!
VERÃO SECO (Susuz Yaz – 1963)
Pérola turca dirigida por Metin Erksan que narra a história de uma aldeia turca enfrentando uma seca. A trama gira em torno de um fazendeiro de tabaco, Osman, que, em busca de lucro, constrói uma represa para desviar a água de uma nascente local, privando os outros habitantes da aldeia do elemento que precisam para a agricultura e sobrevivência.
MANILA NAS GARRAS DA LUZ (Maynila sa Mga Kuko ng Liwanag – 1975)
Pérola do diretor filipino Lino Brocka. Julio, um jovem do interior, vai para Manila em busca de sua antiga paixão, Ligaya, que foi vendida e trabalha como mulher da vida. Ao chegar à capital, Julio testemunha a dureza da vida nas ruas, a corrupção e a violência, o que o transforma de um rapaz ingênuo em um homem zangado e com sede de justiça.
MARECEK, PASSE-ME A CANETA! (Marecku, Podejte Mi Pero! – 1976)
Fascinante comédia tcheca dirigida por Oldrich Lipský. Jiří Kroupa é um homem de quarenta e poucos anos que lidera uma equipe em uma fábrica de máquinas agrícolas. Ele tem uma oportunidade de promoção, mas para isso precisa obter um diploma de ensino médio.
AZAR (Zezowate Szczescie – 1960)
Pérola polonesa dirigida por Andrzej Munk. O filme conta a história de Jan Piszczyk, um homem de meia-idade que está preso e tenta convencer o guarda a não libertá-lo, narrando a sua vida, que considera ter sido marcada por um tremendo azar.
ILHA IO (Iodo – 1977)
Pérola de terror do diretor sul-coreano Kim Ki-young. Uma trama enigmática que explora a cultura de uma ilha habitada quase exclusivamente por mulheres que adotam rituais xamânicos.
ENTÃO EU OS CONDENEI A TODOS (Atunci i-am Condamnat Pe Toti la Moarte – 1972)
Pérola romena dirigida por Sergiu Nicolaescu. A trama é ambientada no final da Segunda Guerra Mundial. Quando um soldado alemão é encontrado sem vida, os intelectuais da aldeia tentam convencer o “idiota da aldeia” a assumir a culpa, para evitar que os habitantes sofram retaliações.
NOITES DE DIAMANTES (Démanty Noci – 1964)
Pérola tcheca do diretor Jan Nemec. Dois jovens judeus fogem de um trem que os transportava para um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Eles precisam enfrentar a luta pela sobrevivência, incluindo a busca por comida e abrigo, em meio ao caos e horror da guerra.
A CARTA QUE NÃO SE ENVIOU (Neotpravlennoye Pismo – 1960)
Pérola soviética dirigida por Mikhail Kalatozov. O filme conta a história de quatro geólogos à procura de diamantes na Sibéria. O grupo, liderado por Konstantin, encontra-se preso na floresta devido a um incêndio, sendo forçado a lutar pela sobrevivência.
EMITAÏ (Emitaï – 1971)
Pérola senegalesa dirigida por Ousmane Sembène. O filme conta a história de uma aldeia no Senegal, durante a Segunda Guerra Mundial. Os homens são obrigados a ir para a Europa para lutar e a comunidade é obrigada a entregar o arroz que produz para o exército francês.
ANDORINHAS POR UM FIO (Skrivánci na niti – 1969)
Pérola tcheca dirigida por Jirí Menzel. Um saxofonista, um filósofo e um procurador, entre outros coadjuvantes, que são enviados a um ferro-velho para serem “reeducados” como “voluntários”, a fim de se livrarem de seus costumes burgueses, em nome do socialismo. No setor de lado oposto, trabalham mulheres prisioneiras. Mesmo com toda vigilância, os dois grupos começam a fazer contato, e surgem flertes e até relações amorosas entre eles, ainda que distantes.
