Scarface (1983)

Ele chegou ao topo do império do narcotráfico, mas logo será engolido pelo mundo do vício, da obsessão e da brutalidade — e suas terríveis consequências.

Al Pacino assistiu ao “Scarface – A Vergonha de Uma Nação” (1932) do saudoso mestre Howard Hawks e ficou tão impressionado com o material que, no auge do sucesso, decidiu usar sua influência nos bastidores para protagonizar uma refilmagem.

Na época ele conseguia sinal verde para qualquer proposta, por menos lucrativa que parecesse ser, mas a ideia de manter a trama na Chicago da conturbada década de 1920 foi considerada ousada demais para os executivos do estúdio, então Oliver Stone foi convocado para atualizar o roteiro e dar uma apimentada no tempero.

devotudoaocinema.com.br - "Scarface", de Brian De Palma, na NETFLIX

O grande Sidney Lumet chegou a ser cogitado para a direção, ele inclusive foi o responsável por transformar Tony Montana em um imigrante cubano, mas o seu corajoso viés crítico sociopolítico traria problemas com o governo da época, logo, a produção optou pelo maneirismo de Brian De Palma, um estilo exagerado, nada realista, que deixaria qualquer intenção acusatória direta menos perceptível, o resultado seria uma fábula sobre o universo da máfia e, principalmente, sobre a derrocada de alguém que é movido pela vaidade absoluta.

“O MUNDO É SEU.”

devotudoaocinema.com.br - "Scarface", de Brian De Palma, na NETFLIX

Este tom alegórico da obra é captado perfeitamente na trilha sonora composta pelo italiano Giorgio Moroder. O diretor precisou lutar pela permanência do artista na produção, já que os executivos, pensando no potencial mercadológico, desejavam utilizar músicas pop imediatistas. O característico som eletrônico, com sintetizadores, facilita a compreensão quase que “alienígena” daquele cenário.

A recepção em sua estreia foi negativa, mas o teste do tempo provou que as escolhas foram acertadas, até mesmo a ultraviolência (uma abordagem conscientemente caricatural) que outrora incomodou parte do público e da crítica, analisada hoje, faz todo sentido. A atuação de Pacino, intensamente motivado, explora a progressão da ganância no personagem, cada decisão em sua existencialmente claustrofóbica jornada é um ponto sem retorno.

“Scarface” hoje é mais famoso do que o filme original, que também é excelente, exatamente porque Brian De Palma firmou o pé na sua atemporalidade, já virou jogo de PS2, já foi referência na música hip-hop, ele se tornou parte da cultura pop e segue impressionando a garotada.

E aproveito o ensejo para destacar o impecável trabalho do querido amigo Ricardo Schnetzer na sempre competente versão brasileira.

Tema composto por Giorgio Moroder e Pete Bellotte, interpretado por Paul Engemann:



Viva você também este sonho...

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