No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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A Carta (The Letter – 1929)
A obra conta a história de Leslie Crosbie (Jeanne Eagels), que elimina Geoffrey Hammond (Herbert Marshall) alegando legítima defesa. No entanto, para seu caso ser bem-sucedido, ela precisa ocultar uma carta comprometedora que prova que os dois eram amantes.
Se você, como eu, sempre foi fascinado pelo estudo aprofundado da arte, vai apreciar esta pérola injustamente esquecida da década de 1920. Nela, preservado para as próximas gerações, está o único registro que sobreviveu desta excelente atriz, Jeanne Eagels, que foi indicada postumamente para o prêmio da Academia por este trabalho.
A obra adapta a peça homônima de W. Somerset Maugham, e, por ter sido produzida no período de transição do cinema mudo para o falado, você consegue perceber claramente o desafio da equipe em se adaptar ao recurso, algo que evidencia o talento da protagonista.
O restante do elenco ainda carrega os vícios da era silenciosa, até mesmo a direção do francês Jean de Limur é pensada para aquela linguagem, mas o trabalho corporal de Jeanne é moderno, as expressões faciais (substituindo os exageros teatralizados pela naturalidade visceral), o ritmo na entrega das falas, destaco duas sequências em que ela se agiganta em cena: a sua defesa no julgamento e a catarse final na revelação da traição para o marido.
Vale ressaltar que a trama foi refilmada em 1940, protagonizada por Bette Davis, dirigida pelo grande William Wyler, outro excelente filme.
- Você encontra o filme com facilidade no Youtube.

